ROMANOS
Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego - Romanos 1.16
Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor - Romanos 8.38.39
Paulo foi escolhido por Deus para ser o principal explanador do evangelho perante o mundo, e sua carta aos Romanos é a explicação mais completa que o apóstolo oferece do seu entendimento do evangelho.
Considerações Preliminares
Romanos é a epístola de Paulo mais longa, mais teológica e mais influente. Talvez por essas razões fosse colocada em primeiro lugar entre as do apóstolo. Ela talvez fosse iniciada por convertidos de Paulo provenientes da Macedônia e da Ásia, bem como pelos judeus e prosélitos convertidos no dia de Pentecoste (At. 2.10). Paulo não tinha Roma como campo específico de outro apóstolo (15.20).
Nesta carta mostra a soberania de Deus sobre tudo e todos, tornando assim uma das mais vivas lições de Deus como se desenvolve a missão de Deus.
Em Romanos, Paulo afirma que muitas vezes planejou ir até Roma para ali pregar o evangelho, mas que, até então fora impedido (1.13-15; 15.22). Reafirma seu desejo de ir até eles (15.23-32).
Paulo, ao escrever esta epístola, perto do fim da sua terceira viagem missionária (5.25,26; At. 20.2,3; 1 Co 16.5,6), estava em Corinto como hóspede na casa de Gaio (16.23; 1 Co 1.14). Enquanto escrevia Romanos através do seu auxiliar Tércio (16.22), planejava voltar a Jerusalém para o dia de Pentecoste (At. 20.16; provavelmente na primavera de 57 ou 58 d.C.) e entregar pessoalmente uma oferta de socorro das igrejas gentias aos crentes pobres de Jerusalém (15.25-27). Logo a seguir, Paulo esperava partir para a Espanha levando-lhe o evangelho, visitar de passagem a igreja de Roma e receber ajuda dos crentes ali para prosseguir em sua caminhada para o oeste (15.24, 28).
Data e ocasião da carta
Na primavera de 57 dc. (ou talvez no inverno de 57-58 dc.), Paulo estava em Corinto, no fim de sua terceira viagem missionária. Estava a ponto de partir para Jerusalém, levando a oferta para os crentes pobres daquela cidade (15.22-27). Uma senhora chamada Febe, de Cencréia, subúrbio de Corinto, estava de viagem marcada para Roma (16.1,2) e Paulo aproveitou a oportunidade para enviar essa carta pelas mãos dela. Não existia serviço postal no Império Romano; a não ser para correspondências oficiais do governo. As cartas particulares dependiam de amigos ou viajantes.
Propósito da carta
. Paulo escreveu esta carta a fim de preparar o caminho para a obra que ele esperava realizar em Roma e na sua missão prevista para a Espanha. Uma igreja que não foi fundada por ele, talvez pelos gentios e judeus que estiveram em Jerusalém no dia de Pentecostes. Paulo está oferecendo aos romanos uma completa explicação do evangelho como ele compreendia e proclamava.
Isso foi antes de Deus ter dito a Paulo que ele seria sua testemunha em Roma (At. 23.11), e Paulo ainda não tinha certeza de que sairia vivo de Jerusalém (15.31). Parecia apropriado que ele, o apóstolo aos gentios, deixasse registrado por escrito, na capital do mundo, uma explicação acerca da natureza do evangelho de Cristo, caso fosse assassinado antes de poder chegar a Roma. Propósito
1) Seu propósito era duplo. Segundo parecem, os romanos tinham ouvido boatos falsos a respeito da mensagem e da teologia de Paulo (3.8; 6.1,2, 15); daí ele achar necessário registrar por escrito o evangelho que já pregava há vinte e cinco anos.
2) Queria corrigir certos problemas da igreja, causados por atitudes erradas dos judeus para com os gentios ( 2.1-29; 3.1, 9), e dos gentios para com os judeus ( 11.11-32).
A igreja de Roma
Paulo ainda não havia estado em Roma. Ele finalmente chegou à cidade três anos depois de ter escrito essa carta. O núcleo da igreja de Roma provavelmente era constituí de pelos judeus romanos que haviam estado em Jerusalém no Dia de Pentecostes (At. 2.10).
Nos 28 anos desde então, muitos cristãos de diferentes partes do Oriente havia, por diversas razões, migrado para a capital, incluindo-se alguns dos próprios convertidos e amigos íntimos de Paulo. (v.cap.16).
O martírio de Paulo, e provavelmente o de Pedro, ocorreram em Roma, cerca de oito anos depois que a carta foi escrita.
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A cidade de Roma
Roma a cidade estado italiana que veio a governar a maior parte do mundo antigo, foi fundada segundo a tradição - em 753 a C sobre sete colinas que circundavam um importante baixo rio Tigre No século, II d C- -Roma controlava a maior parte da bacia do Mediterrâneo inclusive a Palestina.
A população de Ruma provavelmente ultrapassava um milhão de habitantes no início da era cristã, e durante o século I pode ter aumentado um pouco pouco. Uma aristocracia pequena, mas extremamente rica construía palacetes e casas de campo, ao passo que as massas viviam em cortiços de vários pavimentos ou como escravos nas propriedades dos ricos. No coração da cidade, os césares construíram um magnífico conjunto de edifícios públicos, talvez jamais igualado Durante e após a época do NT, Roma continuou a crescer e a edificar. As ruínas existentes no Fórum romano e ao seu redor representam séculos de projetos extravagantes de edificação por uma sucessão de imperadores.
Visitantes de Roma estavam presentes no Pentecoste (At 2,10)Priscila e Áquila foram expulsos de Roma porque eram judeus (At 18.2). Paulo estava decidido a pregar o evangelho em Roma (At 19.21 23.11: Rm 1.15)., e posteriormente foi aprisionado lá (At 28.16).
Paulo aportou em Potéoli. Alertados pela igreja dali (At 28.14,15), membros da comunidade de Roma se encontraram com Paulo cerca de 48 km a sudoeste de Roma, na praça de Apia (uma cidade-mercado fundada por Ápio Cláudio Cecus, o construtor da Via Ápia) e em Três Vendas,uma estação logo ao sol da praça de Ápio, e o escoltaram para a cidade.
Segundo a tradição, tanto Paulo quanto Pedro foram martirizados em Roma durante a perseguição de Nero.
Contexto da carta
Os judeus acreditavam que a Lei mosaica era definitiva e decisiva como expressão universalmente obrigatória da vontade de Deus. Por isso, muitos cristãos judeus insistiam em que os gentios que quisessem se tornar cristãos deviam primeiramente ser circuncidados e guardar a Lei de Moisés. Por isso, a: dúvida quanto a um gentio se tornar cristão sem passar pelos ritos do judaísmo era um dos grandes problemas do momento. O cristianismo teve seu inicio com a religião judaica, e certos lideres judaicos poderosos estavam resolvidos a deixar a situação assim. A circuncisão era rito físico que contava como cerimônia inicial para os prosélitos.
Argumento principal de Paulo em Romanos é justificação do individuo diante de Deus depende fundamentalmente da misericórdia de Cristo, e não da Lei de Moisés. Não é uma questão de Lei, em absoluto, visto que nenhuma pessoa poderá, em hipótese alguma, viver totalmente à altura da Lei de que é uma expressão da santidade divina.
Somos justificados somente porque Cristo, segundo a profunda bondade do seu coração, perdoa os pecados das pessoas. Em última análise, a situação da pessoa diante de Deus não depende do que ela tenha feito ou possa fazer; ao contrário baseia-se totalmente no que Cristo fez em favor dela e da aceitação por parte de cada pessoa, da dádiva da salvação pela graça, oferecida por Cristo. Por isso Cristo tem o direito total e sincera lealdade fidelidade, devoção e obediência de todos os seres humanos.
Visão Panorâmica
O tema de Romanos está em 1.16,17, a saber: que no Senhor Jesus a justiça de Deus é revelada como a solução à sua justa ira contra o pecado. A seguir, Paulo expõe as verdades fundamentais do evangelho. Primeiro, destaca o fato de que o problema do pecado e a necessidade humana da justificação são universais (1.18—3.20). Posto que tanto os judeus quanto os gentios estão sujeitos ao pecado e, portanto, sob a ira de Deus, ninguém pode ser justificado diante dEle à parte do dom da justiça (3.24) mediante a fé em Jesus Cristo (3.21—4.25).
Sendo justificado generosamente pela graça de Deus, e tendo recebido a certeza da salvação (cap. 5), o crente demonstra que recebeu o dom divino da justificação, ao morrer com Cristo para o pecado (cap. 6); é liberto da luta com a justiça da lei (cap. 7), e é adotado como filho de Deus, recebendo nova vida segundo o Espírito, o que o conduz à glorificação (8.18-30). Deus está levando a efeito o seu plano da redenção, a despeito da incredulidade de Israel (9–11).
Finalmente, Paulo declara que uma vida transformada em Cristo resulta na prática da retidão e do amor em todos os aspectos da vida social, civil e moral da pessoa (12–14). Paulo termina Romanos, expondo seus planos pessoais (cap. 15), uma longa lista de saudações pessoais, uma última admoestação e uma doxologia (cap. 16).
Características Especiais
Sete destaques principais caracterizam Romanos.
1) Romanos é a mais sistemática epístola de Paulo; a epístola teológica por excelência do NT.
2) Paulo escreve num estilo de pergunta-e-resposta, ou de diálogo ( 3.1, 4-6, 9, 31).
3) Paulo usa amplamente o AT como a autoridade bíblica na apresentação da verdadeira natureza do evangelho.
4) Paulo apresenta “a justiça de Deus” como a revelação fundamental do evangelho (1.16,17); Deus restaura e ordena a situação do homem em Jesus Cristo e através dEle.
5) Paulo focaliza a natureza dupla do pecado, bem como a provisão de Deus em Cristo para cada aspecto: a) o pecado como uma transgressão pessoal (1.1—5.11)
6) e o pecado como um princípio ou lei a tendência natural e inerente para pecar, existente no coração de toda pessoa, desde a queda de Adão (5.12—8.39). (6) O capítulo 8 é o mais longo da Bíblia sobre a obra do Espírito Santo na vida do crente.
7) Romanos contém o estudo mais profundo da Bíblia sobre a rejeição de Cristo pelos judeus (excetuando-se um remanescente), bem como sobre o plano divino-redentor para todos, alcançando por fim Israel (9–11).
Esta epístola nos ensina:
- A ira de Deus (1.18 a 3.20);
- A graça de Deus (3.21 a 8.39);
- O plano de Deus (9 a 11);
- A vontade de Deus (12. a 15.13)
A carta aos Romanos divide-se em cinco grandes partes que tratam de cinco grandes assuntos essenciais à revelação de seu tema capital. Aqui designamos essas partes, dando a cada urna delas uma terminologia dupla — doutrinária e prática.
Doutrinária Prática
A condenação - 1:1 a 3:20 - O pecado
A justificação - 3:21 a 5:21- A salvação
A santificação - Caps. 6,7 e 8 - A separação
A dispensação - Caps 9,10 e 11 – A soberania
A glorificação - 12:1 a 16:27 – O serviço
Assim, temos o seguinte:
A condenação é causada pelo pecado.
A justificação é o método da salvação.
A santificação envolve e produz a separação.
A dispensação é a expressão da soberania divina.
A glorificação é o objetivo do serviço.
Rm. 1 e 2 - A necessidade universal do evangelho
A pecaminosidade universal da raça humana (1.1-32): A primeira sentença é longa, pois consiste em quatro versículos.
(1.1-4). É o resumo da vida de Paulo: Jesus ressuscitou dentre os mortos de conformidade com as profecias e comissionou Paulo a pregá-lo a todas as nações.
1.4 - O espírito de santificação. Esta expressão refere-se à terceira pessoa da Santíssima Trindade. Sua santidade o separa totalmente do espírito humano, do pecado e do mundo, e descreve tanto sua característica preeminente, quanto a sua obra (gl 5.16-24).
1.5 – A obediência da fé. Note que Paulo, tanto no começo desta epístola (1.5), como no fim (16.26), define a fé em termos de "obediência". Para Paulo, a natureza da fé salvífica deve ser determinada por seu propósito inicial, a saber: unir nossa vida com Deus, através de Jesus Cristo, em amor, devoção, gratidão e obediência.
1.7 - Chamados santos. A idéia básica e inerente na palavra "santo" é "separado para o evangelho de Deus" ( v. 1). Os crentes foram separados do pecado e do mundo, aproximados de Deus e consagrados para servi-lo Através da consagração, o Espírito renova o caráter do crente na verdadeira santidade.
O desejo, longamente acalentado por Paulo, de ir até Roma ( 1.9 – 15)
A viagem de Paulo para lá fora adiado pelo chamado para pregar as pessoas de outro lugar que nunca tinha ouvido o evangelho (15.20)
Não me envergonho do evangelho (1.16). Essa também seria sua atitude na própria Roma, a latrina dourada e arrogante de todas as coisas imundas. A terrível depravação descrita nos versículos de 18 a 32 atingira em Roma o seu cúmulo.
1.16 - Salvação. Para uma exposição do significado da palavra "salvação", bem como de duas outras palavras que a Bíblia emprega nesse sentido.
Rm 1.16 “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.”
Deus nos oferece livremente a vida eterna em Jesus Cristo, mas, às vezes, nos é difícil compreender o processo exato usado para torná-la disponível a nós. Por isso, Deus apresenta na Bíblia vários aspectos da salvação, cada um com sua ênfase exclusiva. Este estudo examina três desses aspectos: a salvação, a redenção e a justificação.
SALVAÇÃO. Salvação significa “livramento”, “chegar à meta final com segurança”, “proteger de dano”. Já no AT, Deus revelou-se como o Salvador do seu povo (Êx 15.2; Sl 27.1; 88.1). A salvação é descrita na Bíblia como “o caminho”, ou a estrada através da vida, para a comunhão eterna com Deus no céu (Mt 7.14; Mc 12.14; Jo 14.6; At. 16.17; 2Pe 2.21; At. 9.2; 22.4; Hb 10.20). Esta estrada deve ser percorrida até o fim. A salvação pode ser descrita como um caminho com dois lados e três etapas:
1) O único caminho da salvação. Cristo é o único caminho ao Pai (Jo 14.6; At. 4.12). A salvação nos é concedida mediante a graça de Deus, manifesta em Cristo Jesus (3.24). A salvação é baseada na morte de Cristo (3.25; 5.8), sua ressurreição (5.10) e sua contínua intercessão pelos salvos (Hb 7.25).
2) Os dois lados da salvação. A salvação é recebida de graça, mediante a fé em Cristo (3.22,24,25,28). Isto é, ela resulta da graça de Deus (Jo 1.16) e da resposta humana da fé (At 16.31; Rm 1.17; Ef 1.15; 2.8)
3) As três etapas da salvação.
- a) A etapa passada da salvação inclui a experiência pessoal mediante a qual nós, como crentes, recebemos o perdão dos pecados (At. 10.43;para a vida espiritual ; do poder do pecado para o poder do Senhor (6.17-23), do domínio de Satanás para o domínio de Deus (At. 26.18). A salvação nos leva a um novo relacionamento pessoal com Deus (Jo 1.12) e nos livra da condenação do pecado (1.16; 6.23; 1Co 1.18).
- b) A etapa presente da salvação nos livra do hábito e do domínio do pecado, e nos enche do Espírito Santo. Ela abrange:
- I) o privilégio de um relacionamento pessoal com Deus como nosso Pai e com Jesus como nosso Senhor e Salvador (Mt 6.9; Jo 14.18-23; ver Gl 4.6 nota);
- II) a conclamação para nos considerarmos mortos para o pecado (6.1-14) e para nos submetermos à direção do Espírito Santo (8.1-16) e à Palavra de Deus (Jo 8.31; 14.21; 2Tm 3.15,16);
III) o convite para sermos cheios do Espírito Santo e a ordem de continuarmos cheios (At 2.33-39)
- IV) a exigência para nos separarmos do pecado (6.1-14) e da presente geração perversa (At 2.40; 2Co 6.17);
- V) a chamada para travar uma batalha constante em prol do reino de
Deus contra Satanás e suas hostes demoníacas (2Co 10.4,5; Ef 6.11,16; 1Pe 5.8).
- c) A etapa futura da salvação (13.11,12; 1Ts 5.8,9; 1Pe 1.5) abrange
- I) nosso livramento da ira vindoura de Deus (5.9; 1Co 3.15; 5.5; 1Ts 1.10; 5.9);
- II) nossa participação da glória divina (Rm 8.29; 2Ts 2.13,14) e nosso recebimento de um corpo ressurreto, transformado (1Co 15.49-52);
III ) os galardões que receberemos como vencedores fiéis Essa etapa futura da salvação é o alvo que todos os cristãos se esforçam para alcançar (1Co 9.24-27; Fp 3.8-14). Toda advertência, disciplina e castigo do tempo presente da vida do crente têm como propósito preveni-lo a não perder essa salvação futura (1Co 5.1-13; 9.24-27; Fp 2.12,16; 2Pe 1.5-11).
REDENÇÃO. O significado original de “redenção” é resgatar mediante o pagamento de um preço. A expressão denota o meio pelo qual a salvação é obtida, a saber: pagamento de um resgate.
A doutrina da redenção pode ser resumida da seguinte forma:
1) O estado do pecado, do qual precisamos ser redimidos. O NT mostra que o ser humano está alienado de Deus (3.10-18), sob o domínio de Satanás (At. 10.38; 26.18), escravizado pelo pecado (6.6; 7.14) e necessitando de livramento da culpa, da condenação e do poder do pecado (At. 26.18; Rm 1.18; 6.1-18, 23; Ef 5.8; Cl 1.13; 1Pe 2.9).
2) O preço pago para nos libertar dessa escravidão: Cristo pagou esse resgate ao derramar o seu sangue e dar sua vida (Mt 20.28; Mc 10.45; 1Co 6.20; Ef 1.7; Tt 2.14; Hb 9.12; 1Pe 1.18,19).
3) O estado presente dos redimidos: Os crentes redimidos por Cristo estão agora livres do domínio de Satanás e da culpa e do poder do pecado (At. 26.18; Rm 6.7,12,14,18; Cl 1.13). Essa libertação do pecado, no entanto, não nos deixa livres para fazer o que queremos, pois somos propriedade de Deus. A nossa libertação do pecado por Deus nos torna em servos voluntários seus (At. 26.18; Rm 6.18-22).
4) A doutrina de redenção no NT já estava prefigurada nos casos de redenção registrados no AT. O grande evento redentor do AT foi o êxodo de Israel.
Também, no sistema sacrificial levítico, o sangue de animais era o preço pago para expiar o pecado.
JUSTIFICAÇÃO. A palavra “justificar” significa ser “justo (ou reto) diante de Deus” (2.13), tornado justo (5.18,19), “estabelecer como certo” ou “endireitar”. Denota estar num relacionamento certo com Deus, mais do que receber uma mera declaração judicial ou legal. Deus perdoa o pecador arrependido, a quem Ele tinha declarado culpado segundo a sua lei e condenado à morte eterna, restaura-o ao favor divino e o coloca em relacionamento correto (comunhão) com Ele mesmo e com a sua vontade. Ao apóstolo Paulo, foram reveladas várias verdades a respeito da justificação e como ela é efetuada:
1) A justificação diante de Deus é uma dádiva (3.24; Ef 2.8). Ninguém pode justificar-se diante de Deus guardando toda a lei ou fazendo boas obras (4.2-6; Ef 2.8,9), “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (3.23).
2) A justificação diante de Deus se alcança mediante a “redenção que há em Cristo Jesus” (3.24). Ninguém é justificado sem que antes seja redimido por Cristo, do pecado e do seu poder.
3) A justificação diante de Deus provém da “sua graça”, sendo obtida mediante a fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador (3.22,24)
4) A justificação diante de Deus está relacionada ao perdão dos nossos pecados (Rm 4.7). Os pecadores são declarados culpados diante de Deus (3.9-18,23), mas por causa da morte expiatória de Cristo e da sua ressurreição são perdoados.
5) Uma vez justificados diante de Deus, mediante a fé em Cristo, estamos crucificados com Ele, o qual passa a habitar em nós (Gl 2.16-21). Através dessa experiência, nos tornamos de fato justos e começamos a viver para Deus (2.19-21). Essa obra transformadora de Cristo em nós, mediante o Espírito (2Ts 2.13; 1Pe 1.2), não se pode separar da sua obra redentora a nosso favor. A obra de Cristo e a do Espírito são de mútua dependência.
1.17 - De fé em fé. "De fé em fé" significa literalmente "fé do começo ao fim". O justo deve viver sempre pela fé, e, assim fazendo, continua a viver uma vida, espiritualmente cada vez mais rica.
1.18 – A ira de deus. A ira de Deus é uma expressão da sua justiça e do seu amor. É a indignação pessoal de Deus e sua reação imutável diante de todo o pecado (Ez 7.8,9; Ef 5.6; Ap 19.15) causada pelo comportamento iníquo do ser humano (Êx 4.14; Nm 12.1-9; 2 Sm 6.6,7) e nações (Is 10.5; 13.3; Jr 50.13; Ez 30.15), e pela apostasia e infidelidade do seu povo (Nm 25.3; 32.10-13; Dt 29.24-28).
1) No passado, a ira de Deus e seu ódio ao pecado revelou-se através do dilúvio (Gn 6-8), da fome e da peste (Ez 6.11ss), do abrasamento da terra (Dt 29.22,23), da dispersão do seu povo (Lm 4.16) e de incêndio através da terra (Is 9.18,19).
2) No presente, a ira de Deus é vista quando Ele entrega os ímpios à imundícia e às vis paixões e leva à ruína e à morte todos quantos persistem em lhe desobedecer (1.18-3.18; 6.23; Ez 18.4; Ef 2.3).
3) No futuro, a ira de Deus incluirá a Grande Tribulação para os ímpios deste mundo (Mt 24.21; Ap 6-19) e um dia vindouro de juízo para todos os povos e nações (Ez 7.19; Dn 8.19) "dia de alvoroço e de desolação, dia de trevas e de escuridão" (Sf 1.15), um dia de prestação de contas para os iníquos (2.5; Mt 3.7; Lc 3.17; Ef 5.6; Cl 3.6; Ap 11.18; 14.8-10; 19.15). Por fim, Deus manifestará sua ira mediante o castigo eterno sobre os que não se arrependerem.
4) A ira de Deus não é a sua última palavra aos seres humanos, pois Ele proveu um meio de escape ou salvação da sua ira. O pecador pode arrepender-se do seu pecado e voltar-se a Jesus Cristo por fé (5.8; Jo 3.36; 1 Ts 1.10; 5.9).
5) Os crentes unidos a Cristo devem compartilhar da ira de Deus contra o pecado, não no sentido de vingança, mas por amor sincero à justiça e aversão ao mal O NT reconhece uma ira santa que aborrece aquilo que Deus odeia; ira esta evidenciada principalmente no próprio Jesus (Mc 3.5; Jo 2.12-17; Hb 1.9) em Paulo (At 17.16) e outras pessoas justas.
1.21 - Não o glorificaram. Embora os versículos 21-28 tratem principalmente da depravação cada vez pior entre os ímpios, eles também apontam os princípios por que um dos pecados principais dos líderes cristãos que caem é a imoralidade.
1) Quando os líderes da igreja tornam-se orgulhosos (v. 22), buscam honra para si mesmos (v. 21) e exaltam a si mesmos (a criatura) mais do que o Criador (v. 25), uma porta se abre, então, na sua vida, à impureza sexual e à vergonhosa concupiscência (v. 24,26). Caso não voltem arrependidos, serão por fim controlados por uma mente pervertida (v. 28).
2) Tais pessoas talvez prossigam na concupiscência e pecados vergonhosos, enquanto justificam seus próprios atos como sendo fraqueza humana comum, persuadindo a si mesmos que ainda estão em comunhão com o Espírito Santo e no gozo da salvação. Fecham seus olhos à advertência bíblica de que "nenhum fornicador, ou impuro... tem herança no Reino de Cristo" (Ef 5.5).
1.24 - Também Deus os entregou. Um sinal evidente de Deus ter abandonado qualquer sociedade ou povo é que tais pessoas tornam-se obcecadas pela imoralidade e perversão sexuais.
1) A expressão: "também Deus os entregou" à imundícia significa que Deus abandonou essas pessoas às concupiscências mais baixas. A palavra "concupiscência"neste versículo, denota uma paixão desenfreada por prazeres sexuais proibidos ( 2 Co 12.21; Gl 5.19; Ef 5.3).
2) As três etapas do abandono por Deus, à impureza são:
- a) Ele entrega as pessoas aos prazeres sexuais pecaminosos que degradam o corpo (v. 24);
- b) Ele as entrega as paixões homossexuais ou lésbicas, vergonhosas (v. 26,27); a seguir:
- c) Ele as entrega a um sentimento perverso, sua mente justifica as suas ações iníquas e pensam continuamente no mal e nos prazeres dos pecados sexuais (v. 28). Essas três etapas ocorrem entre todos que rejeitam a verdade da revelação divina e que buscam o prazer na iniqüidade (v.18).
3) Deus tem dois propósitos ao abandonar os iníquos ao pecado:
- a) permitir que o pecado e suas conseqüências se acelerem como parte do seu juízo sobre eles (2.2);
- b) levá-los a reconhecer sua necessidade da salvação (2.4).
1.25 - Mentira. A "mentira", aqui, é a mensagem de Satanás, o pai da mentira (Jo 8.44): "sereis como Deus" (Gn 3.5).
1) Crer na mentira é rejeitar "a verdade de Deus" e tomar parte na idolatria (Gn 3.5; Cl 3.5; 2 Ts 2.11 nota).
2) A Bíblia adverte constantemente contra o orgulho devido à tendência do ser humano de crer na mentira e adorar a si mesmo. "Visto como se eleva o teu coração, e dizes: Eu sou Deus" (Ez 28.2; cf. Pv 6.17; 8.13; 16.18; 1 Tm 3.6; Tg 4.6; 1 Jo 2.16).
1.27 - Varão com varão. O apóstolo, certamente, considerou a abominação homossexual do homem e da mulher como a evidência máxima da degeneração humana, resultante da imoralidade e do abandono da pessoa por Deus (Gn 19.4,5; Lv 18.22). Qualquer nação que justifica o homossexualismo ou o lesbianismo, como modo aceitável de vida, está nas etapas finais da corrupção moral.. Mais textos bíblicos a respeito dessa prática horrível: Gn 19.4-9; Lv 20.13; Dt 23.17; 1 Rs 14.24; 15.12; 22.46; Is 3.9; 1 Co6.9,10; 1 Tm 1.10; 2 Pe 2.6; Jd v. 7.
1.32 - Consentem aos que as fazem. A última palavra de Paulo sobre a pecaminosidade humana tem a ver com a condenação, por Deus, de uma condição do ser humano merecedora de maior juízo do que a própria prática do pecado, apoiar, aprovar e incentivar o mal, sentindo prazer nas práticas imorais dos outros. Esse é o derradeiro grau da depravação deleitar-se com a concupiscência e a iniqüidade dos outros. É o pecado como forma de entretenimento.
1) A palavra "consentem", significa "concordar", "consentir" ou "solidarizar-se", indicando o prazer imodesto nos pecados dos outros, ora prevalecente na sociedade humana.
2) Em nossos dias, sabemos quão grandes danos são produzidos pelas cenas imorais que dominam a mídia do entretenimento; mesmo assim, muitos consentem nisso, tendo nelas prazer. Quem se diverte, olhando outras pessoas pecarem e cometerem atos malignos, mesmo sem os praticar pessoalmente, receberá a mesma condenação divina que aqueles que as cometem. A iniqüidade aumenta em qualquer sociedade onde não há restrição decorrente da desaprovação, pelos outros, de tais males.
3) Logo, aqueles (e especialmente aqueles que professam fé em Cristo) que se divertem com as práticas imorais dos outros, mesmo sem cometê-las, contribuem diretamente para predispor a opinião pública à imoralidade e, portanto, à corrupção e, por fim, à condenação eterna de um número infinito de pessoas. Esse pecado é digno da morte (v. 32) e será desmascarado e condenado no dia do juízo (2 Ts 2.12).
No capítulo 1, Paulo mostrou que os gentios entregaram-se à prática do pecado.
Agora, no capítulo 2, ele demonstra que os judeus praticam as mesmas coisas e, igualmente, precisam da salvação em Cristo.
Os judeus também são culpados (2.1-29). O quadro chocante que Paulo pinta da pecaminosidade humana é igualmente aplicado aos judeus - embora desejem a própria a nação Deus — pois eles também praticam os pecados que a raça humana 57 d. C.
Você é indesculpável (2.1) Tu... fazes o mesmo. inclui cada um de nós. Não é que cada pessoa faça todas as coisas mencionadas em 1.29-31; trata-se do quadro global da raça humana. Cada um de nós é culpado de algumas das coisas mencionadas ali.
2.3 - Fazendo-as tu. Uma pessoa, antes de procurar melhorar os outros, deve melhorar a si mesma, abandonando os seus próprios pecados. Igrejas há que se esforçam para levar a sociedade ímpia a observar os padrões bíblicos, enquanto elas, por sua cegueira espiritual, não vêem o mundanismo e a imoralidade entre seus próprios membros (Lc 6.42). Antes de uma igreja querer levar o mundo a viver retamente, ela deve submeter-se à sondagem divina e mudar o que for preciso, segundo a vontade de Deus.
2.7 - Glória, e honra, e incorrupção. No próprio início do seu tratado sobre a salvação, Paulo esclarece uma verdade fundamental no tocante ao modo de Deus lidar com a raça humana no seu todo. Deus castiga os malfeitores e recompensa os justos (Gl 6.7,8).
1) Os justos são os que foram justificados pela fé em Cristo (1.16,17; 3.24) e que perseveram em fazer aquilo que é certo, segundo o padrão divino (vv. 7,10; Mt 24.13; Cl 1.23; Hb 3.14; Ap 2.10). Dão muito valor à glória que vem de Deus (1.23; 5.2; 8.18) e buscam a vida eterna (8.23; 1 Co 15.51-57; 1 Pe 1.4; Ap 21.1-22.5).
2) Aqueles que buscam a imortalidade, fazem-no pela graça, mediante a fé (3.24,25; Ef 1.4-7; 2.8-10; 2 Tm 2.1). Os fiéis terão "honra e incorrupção", na vida futura, mediante a "perseverança" em fazer o bem (Mt 24.12,13), pela graça eficiente que Cristo aqui lhes concede.
3) Aqueles que praticam o mal são egoístas, desobedecem à verdade, e têm prazer na iniqüidade. Colherão ira e tribulação (1.28-32; 2.8,9)
2.12 - Também perecerão. Todos aqueles que continuarem no pecado, mesmo não tendo nenhum conhecimento da lei de Deus, perecerão, porque têm uma certa medida de conhecimento do certo e do errado (v. 14,15). Deus não salvará automaticamente aqueles que não vierem a conhecer o evangelho, nem lhes dará uma segunda oportunidade depois da morte. O sofrimento eterno que terão aqueles que não ouviram o evangelho deve nos impulsionar a fazer todo esforço possível para evangelizar a toda criatura, em todas as nações
2.13 - Os que praticam a lei hão de ser justificados. Paulo não emprega o termo "lei", aqui, no sentido de um sistema de estatutos que a pessoa poderá cumprir e merecer a sua salvação sem a graça. "Lei", aqui, representa a vontade de Deus revelada à raça humana. Meramente ouvir a Palavra de Deus, de nada aproveita sem a fé, a submissão e a obediência a Deus. É preciso a "obediência da fé" (1.5;16.26), praticada por amor (Gl 5.6).
No dia em que Deus julgar os segredos dos homens (2.16). Deus há de julgar Naquele dia, o critério não será a raça do indivíduo — judeu ou gentio — mas a condição intima do coração e sua atitude para com Deus e as pessoas na vida diária.
2.24 - O nome de Deus é blasfemado. Os pecados dos judeus deram ocasião aos gentios blasfemarem do nome de Deus. Da mesma maneira, hoje, os pecados das igrejas liberais ou dos crentes professos dão ao ímpio motivo para blasfemarem do nome de cristo.
2.29 - Circuncisão... do coração, no espírito. É uma referência à obra da graça de Deus no coração do crente, que o torna co-participante da natureza divina e o capacita a viver uma vida pura, separada do pecado, para a glória de Deus (Dt 10.16; Jr. 4.4; 2 Pe 1.4). Sendo assim, um santo viver é o sinal externo de que estamos sob a nova aliança.
Nos capítulos 1,2, Paulo demonstrou que todo mundo, seja gentio ou judeu, é escravo do
pecado
Rm. 3 - Cristo é a propiciação pelo pecado
Para que os judeus? (v. 1-20). Se os judeus, na questão da pecaminosidade, estão na mesma situação diante de Deus que as demais nações, por que então a necessidade da existência da nação judaica?
A resposta é que a nação judaica veio a existir a fim de que a ela fosse confiada a revelação de Deus e ela preparasse o caminho para o advento de Cristo, de segundo o propósito divino, a nação dos hebreus foi fundada para cumprir um propósito especial para a redenção dos seres humanos. Mais isto não significa que os judeus eram intrinsecamente melhores à vista de Deus as que as outras nações.
Um dos propósitos da Lei era levar todos a compreender que são pecadores (v. 20) e que necessitam do Salvador.
3.9 - Todos estão debaixo do pecado. Em 3.9-18, ele explica o porquê disso e ensina que todo ser humano tem uma natureza pecaminosa, que o instiga ao pecado e ao mal. Disso resulta que todos são culpados e estão sob a condenação divina (v. 23). A solução de Deus, para essa situação trágica, é oferecer perdão, ajuda graça, justiça e salvação a todos, mediante a redenção que há em Cristo Jesus (vv. 21-26).
3.10-18 - Não há um justo. Estes versículos expressam o exato conceito da natureza humana. Todas as pessoas, no seu estado natural, são pecadoras. A totalidade do seu ser é afetada negativamente pelo pecado, sendo também propensas a conformar-se com o mundo, quanto ao diabo, e quanto à natureza pecaminosa Todos são culpados de desviar-se do caminho da piedade para o caminho do egoísmo.
3.18 - Não há temor de Deus. Por que a humanidade continua em tão deplorável condição? Porque "não há temor de Deus diante de seus olhos". Se tivesse "temor de Deus", teria buscado a reconciliação e a paz com Deus. "Pelo temor do Senhor, os homens se desviam do mal" (Pv 16.6; Pv 3.7; 8.13; 9.10
Cristo, nossa propiciação (v. 21-31). Pela natureza eterna das coisas, o pecado é pecado, a justiça é justiça e Deus é justo — por isso não pode existir misericórdia Á parte da justiça. O pecado precisa ser castigado. Portanto, o próprio Deus, na pessoa de Cristo, tornou sobre si o castigo pelos pecados da raça humana. Por isso, pode perdoar os pecados das pessoas e, quanto aos que aceitam com gratidão o sacrifício do Salvador, pode-se considerar que têm a mesma justiça que o próprio salvador.
3.21 - A justiça de Deus. Esta expressão refere-se à ação redentora de Deus na esfera do pecado humano, mediante a qual, Ele, dentro das normas da sua justiça (v. 26), leva-nos a um relacionamento correto com Ele mesmo e nos liberta do poder do mal.
1) Essa revelação da justiça de Deus no evangelho não é algo que ocorreu somente no passado. Como o poder de Deus para a salvação que acompanha o crente, ela se mantém nova e suficiente.
2) Essa justiça de Deus é nossa, mediante a fé em Jesus Cristo (v. 22)
3.22 - Fé em Jesus cristo. Vemos aqui que Jesus Cristo é o real objeto da nossa fé (Jo 3.16; At 16.31). A fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador é a única condição que Deus requer do pecador, para a sua salvação.
3.24 - Justificados gratuitamente... pela redenção. Este versículo contém duas das palavras que Paulo mais usa para expressar a salvação: "justificados" e "redenção".
3.25 - Seu sangue. O NT enfatiza várias verdades no tocante à morte de Cristo em prol da humanidade.
1) Foi um sacrifício, a oferenda do seu sangue, da sua vida (1 Co 5.7; Ef 5.2).
2) Foi vicária, ele morreu, não para seu próprio bem, mas para o bem dos outros (5.8; 8.32; Mc 10.45; Ef 5.2).
3) Foi substituinte, Cristo padeceu a morte como a penalidade do nosso pecado, como nosso substituto.
4) Foi propiciatória, i.e., a morte de Cristo em prol dos pecadores satisfez a lei justa de Deus, bem como a ordem moral divina. A morte de Cristo removeu a ira de Deus contra o pecador arrependido. A integridade de Deus exigia que o pecado fosse castigado e que fosse feita propiciação junto a Ele, em nosso favor. Pela propiciação no sangue de Cristo, a santidade de Deus permaneceu imaculada e Ele pôde manifestar, com toda justiça, a sua graça e amor na salvação (v. 25). Deve ser enfatizado que o próprio Deus propôs Cristo como nossa propiciação (v. 25). Ele não precisava ser persuadido a demonstrar misericórdia e amor, pois "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo" (2 Co 5.19; cf. Jo 3.16; Rm 5.8; 8.3,32; 1 Co 8.6; Ef 4.4-6).
5) Foi expiatória, i.e., um sacrifício para fazer expiação ou reparação pelo pecado. Como expiação, o sacrifício visa a remir a culpa. Pela morte de Cristo, foram anulados a culpa e o poder do pecado, que fazem separação entre Deus e o crente.
6) Foi eficaz, a morte expiatória de Cristo tem em si o poder de produzir o efeito cabal necessário da redenção, quando esta é buscada pela fé.
7) Foi vitoriosa, na cruz, Cristo triunfou na sua luta contra o poder do pecado, de Satanás e de suas hostes demoníacas, que mantinham o ser humano no cativeiro. Sua morte foi a vitória inicial sobre os inimigos espirituais de Deus e dos homens (8.3; Jo 12.31,32; Cl 2.15). Assim sendo, a morte de Cristo é redentora. Dando sua própria vida como resgate (1 Pe 1.18,19), Ele nos libertou dos inimigos que mantinham a raça humana na escravidão, o pecado (6.6), a morte (2 Tm 1.10; 1 Co 15.54-57) e Satanás (At. 10.38); e nos libertou para servirmos a Deus .Todos os benefícios da morte sacrificial de Cristo, mencionados supra, pertencem, em potencial, a todo ser humano, mas tornam-se realidade somente para aqueles que, pela fé, aceitam Jesus Cristo e seu sacrifício redentor em lugar deles.
3.31 - Estabelecemos a lei. A salvação em Cristo não significa que a Lei perdeu o seu valor. Na realidade, a justificação pela fé confirma a Lei, quanto ao seu propósito e função original. Mediante sua reconciliação com Deus e a obra regeneradora do Espírito Santo, o crente é capacitado a honrar e obedecer à Lei moral de Deus.
Rm. 4 - O caso de Abraão?
Paulo levanta o caso de Abraão porque os que ensinavam que os gentios deviam converter-se ao judaísmo a fim de tornarem-se cristãos baseavam suas alegações nas promessas feitas por Deus a Abraão, que eram vinculadas com o sinal da circuncisão. Diziam que quem não fosse fisicamente da descendência de Abraão, teria que se tornar herdeiro das promessas mediante a circuncisão.
Paulo explica que a promessa foi feita com base na fé que Abraão tinha quando ainda era incircunciso. Por isso, os herdeiros de Abraão são os que possuem essa mesma fé, em vez de os que são circuncidados. O que havia de grandioso na vida de Abraão era sua fé, e não a circuncisão.
4.3 - Creu Abraão em Deus. A salvação pela fé, e não pelas obras (pela guarda da Lei), não é uma doutrina peculiar do NT; é, também, característica do AT. Paulo retrocede no tempo, para além de Moisés, e toma Abraão como exemplo de fé. Abraão tinha fé em Deus, cultivava um dedicado e leal relacionamento com seu Deus, cria nas suas promessas (v. 20,21; Gn 12.1-3; 15.5,6) e vivia em obediência ao Senhor (Gn 12.1-4; 22.1-19; Hb 11.8-19; Tg 2.21,22)
4.5 - Fé imputada como justiça. A Abraão, a fé foi "imputada" por justiça. "Imputar" significa creditar na conta da pessoa. Isso significa que a fé salvífica do cristão é tida como equivalente à justiça no tocante ao seu efeito.
1) Paulo fala seis vezes, em Rm 4, de "imputar" ou "atribuir a justiça" ao crente, e, em cada caso, Paulo afirma claramente que é a "fé" do crente que lhe é contada ou imputada como "justiça" (vv. 3,5,6,9,11,22).
2) Imputar a fé do crente como justiça não é, porém, resultado exclusivo da nossa fé em Cristo ou da nossa entrega a Ele; é, acima de tudo, um ato de graça e misericórdia divinas (v. 16).
3) Quando Deus vê o coração do crente voltado para Cristo com fé, Ele lhe perdoa, graciosamente, os pecados, imputa-lhe a fé como justiça e aceita-o como seu filho.Juntamente com essa imputação da fé como justiça, Deus também outorga sua graça para a santificação (v. 16; 5.2; Fp 3.9; Tt 3.5-7).
4) A fé, que é imputada como justiça e que traz o perdão, é a fé em Cristo, tendo em vista a sua morte expiatória (3.24-26). Absolutamente nada mais, a não ser a morte sacrificial de Cristo na cruz constitui o fundamento da reconciliação do pecador com Deus.
4.7 - Aqueles cujos pecados são cobertos. Esta citação do Sl 32.1,2 mostra que tanto Davi como Paulo criam que a fé contada como justiça, abrange o perdão do pecado e a reconciliação com Deus. É uma dádiva da misericórdia de Deus através da morte de Cristo na cruz (2 Co 5.19,21).
4.12 - A fé de nosso pai Abraão. A fé que Abraão tinha era uma fé genuína, pela qual ele perseverava, cria, confiava, obedecia, fortalecia-se e dava glória a Deus (vv. 16-21). Esse é o tipo de fé que nos torna filhos de Deus.
4.16 - É pela fé. Os crentes são salvos somente pela fé, mediante a graça. Devem ser notadas, no entanto, duas verdades bíblicas a respeito da natureza da fé para salvação.
1) Embora a pessoa seja salva pela fé somente, a fé que salva não é algo único. Tiago declara que "a fé sem obras é morta" (Tg 2.14-26); Paulo diz que é "a fé que opera por caridade" (Gl 5.6). A fé, para a salvação, é uma fé tão vital que não pode prescindir da expressão do amor, da obediência para com o Salvador e de serviço ao próximo. A fé que consiste na confiança em Deus, para o perdão dos pecados, mas que não inclui, da parte do pecador, um sincero arrependimento do pecado e também um compromisso ativo com Cristo como Senhor, não corresponde à fé para salvação segundo o NT.
2) É anti-bíblico enfatizar a "fé" em si mesma, e ignorar o amplo desígnio da salvação e daquilo que ela significa. A salvação pela fé inclui não somente ser salvo da condenação, mas também ser salvo para comunhão com Deus, para santidade e para serviço, a prática das boas obras (Ef 2.10).
4.16 - Para que seja segundo a graça. Se a salvação, a justificação e a justiça que Deus outorga viessem pela nossa perfeita obediência à Lei, ninguém seria salvo, porque ninguém jamais a cumpriu de modo perfeito. Mas, posto que a salvação é pela fé, mediante a graça, poderão ser salvos todos aqueles que buscam a Deus. Ele, por sua misericórdia, perdoa os nossos pecados e outorga-nos a sua graça (seu Espírito e seu poder), para regenerar nossa vida e nos tornar seus filhos.
4.22 - lhe foi... imputado como justiça. Na ilustração que Paulo deu da justiça no capítulo 4, ele não declara em parte alguma que a justiça de Deus ou de Cristo é, na realidade, imputada ou comunicada ao crente. Devemos tomar cuidado para não descrever a justificação como decorrente da guarda da Lei do AT por Cristo, e daí comunicada, por Ele, ao crente. Se a justificação fosse pelos méritos da guarda da Lei, transferidos ao homem, então não se trata do mesmo tipo de fé que Abraão teve (v. 12), e isso, por sua vez, anula a promessa (v. 14) e torna a salvação um resultado do mérito, e não da graça (v. 16). Paulo declara enfaticamente que a justificação e a retidão não decorrem da Lei (v. 13), mas da misericórdia, graça, amor e perdão de Deus (vv. 6-9), e que a fé de Abraão (sua crença, sua dedicação a Deus, sua forte confiança e inabalável firmeza em Deus e nas suas promessas), lhe é atribuída como justiça, pela misericórdia e graça de Deus (vv. 16-22).
Rm. 5 - Cristo e Adão
Paulo fundamenta a eficácia da morte de Cristo como expiação pelo pecado humano na unidade da raça em Adão.
Como um só individuo poderia morrer em favor de muitos? Uma pessoa podia morrer come substituta da outra — nisso parece haver alguma justiça. Mas como uma só pessoa. Pode morrer em favor de milhões?
A resposta de Paulo é que os seres humanos não são culpados serem pecadores, pois nasceram assim. Foi gerado sem lhes ser perguntado se queriam existir, Ao acordar neste mundo, acharam-se num corpo possuidor da natureza pecaminosa. Por outro lado, conforme declara Paulo, o fundador da nossa raça —Adão — não tinha uma natureza pecaminosa no início.
Adão era o cabeça natural da raça humana e foi feito com perfeição à semelhança de Deus. Cristo é o cabeça espiritual e o único homem, depois de Adão, com uma natureza piedosa e sem pecado. O que o primeiro cabeça fez de errado, o outro desfez. O pecado de um só homem trouxe morte a raça humana, Por isso, a morte de um só homem é suficiente para outorgar vida a todos os que aceitarem essa substituição.
5.1 - Sendo pois justificados. A justificação pela fé produz vários resultados no crente: a paz com Deus a graça, a esperança, a firmeza, as tribulações, o amor de Deus, o Espírito Santo, o livramento da ira, a reconciliação com Deus, a salvação pela vida e presença de Jesus e o regozijo em Deus (vv. 1-11)
5.3 - Nos gloriamos nas tribulações. Paulo alista "tribulações" como uma das bênçãos da salvação em Cristo.
1) A palavra "tribulação" refere-se a todos os tipos de provações que podem nos afligir. Isto inclui coisas como necessidades financeiras ou materiais, circunstâncias difíceis, tristeza, enfermidade, perseguição, maus tratos ou solidão.
2) Em meio a estas aflições, a graça de Deus nos capacita a buscar mais diligentemente a sua face e produz em nós um espírito e caráter perseverantes, que vencem as provações e as aflições da vida. A tribulação, ao invés de nos levar ao desespero e à desesperança, produz a paciência (v. 3), a paciência produz a experiência (v. 4), e a experiência resulta numa esperança madura que não decepciona (v. 5).
3) A graça de Deus nos capacita a olhar além dos nossos problemas presentes, nossa ardente esperança em Deus e a certeza garantida da volta do nosso Senhor para estabelecer a justiça e a piedade no novo céu e nova terra (1 Ts 4.13; Ap 19-22). Entrementes, enquanto estivermos na terra, temos o amor de Deus derramado em nosso coração pelo Espírito Santo a fim de nos consolar em nossas provações e trazer até nós a presença de Cristo (Jo 14.16-23)
5.5 - O amor de Deus... em nosso coração. Os cristãos experimentam o amor de Deus nos seus corações, pelo Espírito Santo; especialmente em tempos de aflição. O verbo "derramar" está no tempo pretérito perfeito contínuo, significando que o Espírito continua a fazer o amor transbordar em nossos corações. É essa experiência sempre presente do amor de Deus, que nos sustenta na tribulação (v.
3) e nos assegura que nossa esperança da glória futura não é ilusória (vv. 4,5). A volta de Cristo para nos buscar é certa.
5.10 - Salvos pela sua vida. A salvação do crente provém do sangue de Cristo e da sua vida ressurreta, pelos qual o crente perdoado e reconciliado com Deus. Essa é a salvação inicial (3.21-26; 4.5-9). O crente continua salvo através de uma fé viva e da comunhão com o Cristo vivo.Se Deus nos amou a tal ponto de enviar seu Filho para morrer por nós quando ainda éramos inimigos, quanto mais agora, que somos seus filhos. Ele tomará todas as providências para nos salvar da ira vindoura, mediante a fé que agora temos no seu Filho (4.22-5.2; 5.9,10; 1 Co 1.30; Fp 2.12-16; Cl 3.3,4; 1 Ts 1.10; 2 Tm 2.12; Tg 1.12)
5.12 - Por um homem entrou o pecado no mundo. Através da transgressão e queda de Adão, o pecado como princípio ou poder ativo conseguiu penetrar na raça humana (v. 17,19; Gn 3; 1 Co 15.21,22). 1) Duas conseqüências decorrem disso:
- a) O pecado e a corrupção penetraram no coração e na vida de Adão; e
- b) Adão transmitiu o pecado ao gênero humano, corrompendo todas as pessoas nascidas a partir de então. Todos os seres humanos passaram a nascer propensos ao pecado e ao mal (v. 19; 1.21; 7.24; Gn 6.5,12; 8.21; Sl 14.1-3; Jr 17.9; Mc 7.21,22; 1 Co 2.14; Gl 5.19-21; Ef 2.1-3; Cl 1.21; 1 Jo 5.19).
2) Paulo não explica como o pecado de Adão é transmitido aos seus descendentes. Nem diz que toda a humanidade estava presente em Adão e que assim ela participou do seu pecado e por isso herda a sua culpa. Paulo não diz, em nenhum lugar, que Adão foi o cabeça coletivo dos seus descendentes, nem que o pecado de Adão foi-lhes imputado. Todos são culpados diante de Deus por causa dos seus próprios pecados pessoais, porque "todos pecaram" (v. 12). O único ensino no tocante a isso, que tem apoio bíblico, é que homens e mulheres herdam uma natureza moral corrupta, bem como a propensão para o pecado e o mal (ver 6.1 nota). (3) A morte entrou no mundo através do pecado e por isso todos estão sujeitos à morte, "por isso que todos pecaram" (v. 12,14; 3.23; Gn 2.17; 3.19)
5.14 - A morte reinou desde adão até Moisés. A raça humana experimentou a morte, não porque transgrediu a lei oral de Deus, com sua pena de morte, como no caso de Adão (vv. 13,14), mas porque os seres humanos realmente eram pecadores pela prática, bem como pela sua natureza e transgrediram a lei da consciência, escrita nos seus corações (2.14,15)
5.15 - Muito mais a graça de deus. Nos versículos 12-21, Paulo ressalta a suprema suficiência da redenção provida por Jesus Cristo para desfazer os efeitos da queda. É essa a verdadeira lição desse trecho: Adão trouxe o pecado e a morte; Cristo trouxe a graça e a vida (v. 17).
5.18 - Sobre todos os homens... justificação de vida. A condenação declarada sobre todas as pessoas torna-se uma realidade em cada indivíduo à medida que ele rejeita a Deus e sua revelação escrita no coração do homem, ou na sua Palavra escrita (2.12-16). A "justificação de vida" para todas as pessoas é em potencial; ela torna-se real, no homem, à medida que este crê em Cristo e recebe a graça, a vida e o dom da justiça por Jesus Cristo (v. 17).
Rm. 6 - Que motivação existe, nesse caso, para vivermos em retidão?
Se não mais estamos debaixo da Lei, e se Cristo perdoa os nossos pecado, por que não continuar pecando, uma vez que Cristo continuará perdoando?
Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso senhor. Rm. 6.23
Paulo responde que é inconcebível semelhante coisa. Cristo morreu para nos salvar dos nossos pecados. Seu perdão visa ao propósito de nos levar a odiar nossos pecados.
Não podemos ser servos do pecado e servos do Cristo ao mesmo tempo. Devemos escolher entre o pecado e Cristo. Não é possível agradar a Cristo e ao mesmo tempo continuar a viver no pecado. Isso não significa que temos a capacidade de vencer inteiramente todos os nossos pecados e nos colocar acima da necessidade da misericórdia isto sim, que existem duas maneiras de viver que são diferentes entre si:a seguir o caminho de Cristo ou o caminho do pecado. Em nosso coração , pertencemos a um ou ao outro, mas não aos dois.
6.1 - Permaneceremos no pecado? No capítulo 6, Paulo contesta a idéia errônea de que os crentes podem continuar no pecado e ainda assim estarem livres da condenação eterna, em virtude da graça e misericórdia de Deus em Cristo. Paulo refuta essa distorção antinomiana da doutrina da graça, pondo em relevo uma verdade fundamental: o verdadeiro crente demonstra estar "em Cristo" por estar morto para o pecado. Ele foi transportado da esfera do pecado para a esfera da vida com Cristo (vv. 2-12). Uma vez que o crente genuíno separou-se definitivamente do pecado, não continuará a viver nele. Inversamente, quem vive no pecado não é crente genuíno (1 Jo 3.4-10). Em todo este capítulo, Paulo enfatiza que não se pode ser servo do pecado e servo de Cristo a um só tempo (v. 11-13, 16-18). Se um crente torna-se servo do pecado, o resultado será a condenação e a morte eternas (vv. 16,23).
6.1 -Pecado. 1) O NT emprega várias palavras em grego para descrever o pecado nos seus vários aspectos. As mais importantes são:
- a) Hamartia, que significa "transgredir", "praticar o mal", "pecar contra Deus" (Jo 9.41).
- b) Adikia, que significa "iniqüidade", "maldade" ou "injustiça" (1.18; 1 Jo 5.17). O termo pode ser descrito como falta de amor, porque todos os delitos surgem por falta de amor a Deus e ao próximo (Mt 22.37-40; Lc 10.27-37). Adikia é, também, o pecado como poder, agindo na pessoa, para escravizar e enganar (5.12; Hb 3.13).
- c) Anomia, que denota a "ilegalidade", a "iniqüidade" e a "rebeldia contra a Lei de Deus" (v. 19; 1 Jo 3.4).
- d) Apistia, que indica "incredulidade" ou "infidelidade" (3.3; Hb 3.12). (2) Destas definições podemos tirar a conclusão de que a essência do pecado jaz no egoísmo, apegamento do ser humano às coisas ou aos prazeres, para si mesmo, sem fazer caso bem-estar dos outros e dos mandamentos de Deus. Isso leva à crueldade aos outros e à rebelião contra Deus e sua Lei. Em última análise, o pecado é a recusa da sujeição a Deus e à sua Palavra (1.18-25; 8.7). É inimizade contra Deus (5.10; 8.7; Cl 1.21), e desobediência (11.32; Gl 3.22; Ef 2.2; 5.6).
3) O pecado é também a corrupção moral nos seres humanos, opondo-se a todas as vontades humanas nestes dias. Ele nos leva tanto a deleitar-nos em cometer iniqüidade, como também a sentir prazer nas más ações dos outros (1.21-32; cf. Gn 6.5). É, por outro lado, um poder que escraviza e corrompe, à medida que nos entregamos a ele (3.9; 6.12ss.; 7.14; Gl 3.22). O pecado está arraigado nos desejos humanos (Tg 1.14; 4.1,2; ver 1 Pe 2.11 nota).
4) O pecado foi introduzido por Adão na raça humana e afeta a todos (5.12), resulta em julgamento divino (1.18), leva à morte física e espiritual (Gn 2.17; Rm 6.23), e o seu poder somente pode ser dominado pela fé em Cristo e por sua obra redentora pela humanidade (5.8-11; Gl 3.13; Ef 4.20-24; 1 Jo 1.9; Ap 1.5).
6.4 - Sepultados com ele pelo batismo. Para o cristão, o batismo é um símbolo do seu sepultamento e ressurreição com Cristo; mas é mais do que isso. Quando acompanhado de fé verdadeira, o batismo tem a ver com a nossa rejeição do pecado e dedicação a Cristo, o que resulta num fluxo contínuo de graça e de vida divina sobre nós O batismo significa identificação com Cristo na sua morte e sepultamento, a fim de vivermos diante sua vida ressurreta (vv. 4,5). Tão certamente como Cristo ressuscitou dentre os mortos, nós, que temos a verdadeira fé salvífica nEle, andaremos em novidade de vida (v. 5).
6.6 - Velho homem... corpo do pecado. Paulo emprega aqui duas expressões bíblicas:
1) O "velho homem", que se refere ao eu irregenerado do crente;à pessoa que ele era antigamente; à vida que antes ele vivia no pecado. Esse velho eu foi crucificado (morto) com Cristo na cruz, a fim de que o crente receba uma nova vida em Cristo e seja um "novo homem" (cf. Gl 2.20).
2) "Corpo do pecado" se refere ao corpo humano controlado pelos desejos pecaminosos. Sua escravidão ao pecado já foi abolida na conversão ( 2 Co 5.17; Ef 4.22; Cl 3.9,10). Doravante, o crente não deve permitir que sua antiga maneira de viver volte a dominar sua vida e seu corpo (2 Co 5.17; Ef 4.22; Cl 3.9,10).
6.10 - Morreu para o pecado. Embora Cristo fosse impecável, Ele sofreu e foi humilhado pelo pecado por nossa causa (5.21; 2 Co 5.21). Na morte de Cristo, o pecado perdeu a sua influência. Na sua ressurreição, Ele triunfou sobre o poder do pecado. Semelhantemente, os que estão unidos com Ele, na sua morte, são libertos do poder do pecado (vv. 2,11) para andarem em novidade de vida (vv. 4,5,10).
6.11 - Considerai-vos como mortos para o pecado. A premissa fundamental em Rm 6 é a união do crente com Cristo, tanto na sua morte como na sua vida. Se, portanto, você é um crente autêntico, você morreu para o pecado e precisa dar prova disso. Você, como crente, morreu para o pecado de três maneiras diferentes.
1) Você morreu para o pecado, do ponto de vista de Deus. Deus considera que você morreu com Cristo na cruz e que foi ressuscitado na sua ressurreição (vv. 5-10).
2) Você morreu para o pecado quando nasceu de novo pelo Espírito. Você recebeu o poder de Cristo para resistir ao pecado (vv. 14-18); para morrer diariamente para o pecado, aniquilando os maus desejos da carne (8.13) e vivendo uma nova vida em obediência a Deus (vv. 5-14,18,22).
3) Você morreu para o pecado quando, no seu batismo em água, você proclamou sua morte ao pecado e assumiu o compromisso de rejeitá-lo e de viver para Cristo.
6.12 - Não reine, portanto, o pecado. Pelo fato de o pecado ter sido destronado, devemos resistir continuamente ao seu assédio para reconquistar o seu antigo controle. Sabendo que o pecado procura reinar, mormente através dos desejos da carne, tais desejos devem ser resistidos pelos que têm fé em Cristo. Exemplos: não atender às concupiscências do corpo (v. 12); não colocar membro algum do nosso corpo à disposição do pecado (v. 13), e apresentar nosso corpo e a nossa total personalidade submissos a Deus e à sua justiça (vv. 13-19).
6.15 - Pecaremos? Certos membros da igreja, nos dias de Paulo, presumiam que, sendo o pecado perdoado mediante a graça de Deus, o cristão não precisa preocupar-se para resisti-lo. Refutando essa idéia, o apóstolo explica que cada crente deve continuamente reafirmar e implementar sua decisão de resistir ao pecado e seguir a Cristo (v. 19).
1) Tendo aceitado a Cristo, os crentes devem continuar a escolher a quem servirão (v. 16).
- a) Poderão voltar ao pecado, cessando de opor-se ao seu domínio na sua vida pessoal e tornando-se de novo seus escravos, sabendo que a morte (espiritual e eterna) será o resultado disso (vv. 16,21,23); ou
- b) poderão dominar o pecado (v. 17) e continuar a apresentar-se como servos de Deus e da justiça, tendo como resultados a santificação e a vida eterna (vv. 19,22). (2) À luz dos versículos15-23, quem não tem compromisso com o senhorio de Cristo e não se opõe ao domínio do pecado na sua vida pessoal, não tem o direito de se referir a Cristo como seu Salvador: "Ninguém pode servir a dois senhores" (Mt 6.24)
6.16 - Obedeceis... do pecado para a morte Paulo adverte solenemente os crentes que pensam que podem pecar impunemente porque estão debaixo da graça. Se algum crente se entregar ao pecado, tornar-se-á um escravo do pecado (Lc 16.13; Jo 8.34), o que resultará na "morte" (v. 23). "Morte" significa, aqui, "eterna perdição ante a face do Senhor" (2 Ts 1.9); o oposto da "vida eterna" ( v. 23)
6.17 -Obedecestes... à forma de doutrina. Na igreja primitiva os novos crentes, com dedicação, observavam certos padrões específicos de ensino e conduta, baseados nos ensinos apostólicos, na comunhão com Cristo e na dedicação a Ele (Mt 5-7; At 2.42).
1) Esses padrões eram, mais provavelmente, um resumo da doutrina e da ética cristãs com que o convertido concordou quando aceitou a Cristo como seu novo Senhor. É a "sã doutrina" ou as "palavras sadias", conforme as referências nas Epístolas Pastorais.
2) A suposição de que o cristianismo não tem padrão de ensino regulando o pensamento e a prática, ou, de que a existência de regras de conduta é legalismo, é estranha ao conceito Paulino da fé cristã. O cristianismo exige obediência sincera aos padrões divinos.
Rm. 7 - Para que a Lei?
Se já não estamos debaixo da Lei, por que, então, ela foi outorgada? Não foi outorgada como meio de alcançar a salvação, mas sim como meio de preparar a raça humana para perceber que precisa de um Salvador. A Lei nos torna conscientes da diferença entre o certo e o errado e nos demonstra que o homem, nascido com uma natureza pecaminosa, nunca chegará a obedecê-la plenamente. É só quando nos damos conta de nossa incapacidade que passamos a desejar um Salvador e da valor a ele.
A luta entre nossa natureza pecaminosa e o intimo de nosso ser (7.14-25). Aqui Paulo apresenta o grande dilema humano: a luta entre nossa natureza pecaminosa, que quer seguir os próprios desejos, e nossa natureza espiritual, que anseia por obedecer a Deus. A outra lei à qual Paulo se refere no versículo 23 é a própria vontade (que Deus nos deu), a qual com demasiada freqüência, é controlada pela natureza pecaminosa, e não pela espiritual e piedosa. A guerra em nosso íntimo provém do fato de, sabendo o que é certo, permitirmos que nossa natureza pecaminosa nos persuada a fazer coisas erradas, que achamos mais agradáveis. Paulo expressa sua gratidão a Cristo pela libertação da natureza pecaminosa contra qual não possuía forças para lutar.
No presente capítulo, vem à nossa mente a alegria suprema de Martinho Lutero quando se deu conta, de uma só vez, de que Cristo podia fazer por ele o que lutara em vão para fazerem seu favor! É urna ilustração do domínio que a Lei pode exercer sobre a alma sincera, deprimida pela incapacidade de viver à altura daquela - e do alívio que se acha em Cristo.
7.4 - Mortos para a lei. Já não dependemos da Lei e dos sacrifícios do AT para sermos salvos e aceitos diante de Deus (Gl 3.23-25; 4.4,5). Fomos alienados da antiga aliança da Lei e unidos a Cristo para a salvação. Devemos crer em Jesus (1 Jo 5.13), receber o seu Espírito e a sua graça e, assim, receber o perdão, ser regenerados e capacitados para produzir fruto para Deus (6.22,23; 8.3,4; Ef 2.10; Gl 5.22,23; Cl 1.5,6)
7.7 - Não conheci o pecado senão pela lei. Os versículos 7-25 descrevem a experiência pré-conversão de Paulo, ou de qualquer outra pessoa que procura agradar a Deus, sem depender da sua graça, misericórdia e poder.
1) Nos versículos 7-12, Paulo descreve o período de inocência do indivíduo até chegar à "idade da responsabilidade". Ele "vive" (v. 9), sem culpa nem responsabilidade espiritual, até que deliberadamente peca contra a lei de Deus escrita externamente ou no seu coração (2.14,15; 7.7,9,11).
2) Nos versículos 13-20, Paulo retrata um estado de escravidão ao pecado, porque a Lei, uma vez conhecida, traz inconscientemente o pecado para a consciência e, assim, o indivíduo passa a ser realmente um transgressor. O pecado se torna seu senhor, embora ele se esforce para resistir-lhe.
3) Nos versículos 21-25, Paulo revela o desespero total da pessoa, à medida que o conhecimento e o poder do pecado o reduzem à miséria.
7.9-11 -=Eu, nalgum tempo vivia... As declarações de Paulo, "eu... vivia" (v. 9) e "o pecado... me matou" (v. 11), apóiam a crença geral que a criança é inocente até deliberadamente pecar contra a lei de Deus no coração. O ensino que diz que as criancinhas entram no mundo afetado pela culpa do pecado e dignas da condenação eterna não se acha nas Escrituras.
7.14 - A lei. Lembremo-nos de que Paulo, no capítulo 7, está analisando o estado da pessoa irregenerada e sujeita à lei do AT, mas consciente da sua incapacidade de viver uma vida agradável a Deus (v. 1). Ele descreve uma pessoa lutando sozinha contra o poder do pecado e demonstrando que não poderemos alcançar a justificação, a santidade, a bondade e a separação do mal mediante o nosso próprio esforço para resistir ao pecado e guardar a lei de Deus. O conflito do cristão, por outro lado, é bem diferente: é um conflito entre uma pessoa unida a Cristo e ao Espírito Santo, de um lado, contra o poder do pecado, de outro lado (Gl 5.16-18). No capítulo 8,Paulo descreve o caminho da vitória sobre o pecado, mediante a vida no Espírito.
7.14 eu sou carnal, vendido sob o pecado. Mais incisivas do que as demais palavras do capítulo 7, estas aqui falam claramente num período sob a Lei, na vida de Paulo, antes da sua conversão. Esse fato é comprovado pelas seguintes razões:
1) No capítulo 7, Paulo está demonstrando a insuficiência da Lei para nos redimir, à parte da graça, e não a insuficiência do evangelho aliado à graça ( Gl 3.24).
2) No versículo 5, Paulo declara que os que estão "na carne" (i.e., são carnais, sensuais) produzem "fruto para a morte" (a morte eterna). E em 8.13, ele afirma que "se viverdes segundo a carne, morrereis" (Gl 5.19-21). Logo, o tipo de pessoa referido no capítulo 7 está espiritualmente morta.
3) A expressão "vendido sob o pecado" significa servidão ou escravidão do pecado (1 Rs 21.20,25; 2 Rs 17.17). Tal linguagem não pode ser aplicada ao crente em Cristo, porque Ele, pelo preço do resgate pelo seu sangue , redimiu-nos do poder do pecado e declara que o pecado já não tem domínio sobre nós (6.14). O próprio Cristo afirmou: "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres" (ver Jo 8.36 ; Rm 8.2). Realmente, o nome Jesus significa "Ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mt 1.21).
4) Além disso, a presença do Espírito Santo, habitando em nós (Rm 8), não deixa os crentes "vendidos sob o pecado". Paulo declara, ainda, no mesmo capítulo, que "a lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado" (8.2), e ele inclui a si mesmo entre os que não andam "segundo a carne, mas segundo o Espírito" (8.4),porque "somos devedores, não à carne" (8.12).
7.15 – O que quero, isso não faço. Aqueles que tentam obedecer aos mandamentos de Deus sem a graça salvífica de Cristo, descobrem que são incapazes de realizar as boas intenções do seu coração. Não são senhores de si mesmos; o mal e o pecado governam o seu ser. São escravos dessas coisas (vv. 15-21); presos "debaixo da lei do pecado" (v. 23). É somente para os que estão em Cristo, que Deus, juntamente com a tentação, "dará também o escape, para que a possais suportar" (1 Co 10.13).
7.22 - Tenho prazer na lei de Deus. Muitos crentes sob a Lei do AT verificaram que, em si mesmos, tinham prazer na lei e nos mandamentos de Deus (Sl 119; Is 58.2). Entretanto, ao mesmo tempo, quando buscavam ajuda apenas da Lei, as paixões da carne neles imperavam (v. 23). Igualmente na igreja, hoje, pode haver os que reconhecem a justiça, a pureza e a excelência do evangelho de Cristo, no entanto, por não terem em si a experiência da graça regeneradora de Cristo, verificam que são escravos e prisioneiros do pecado. Quando tentamos viver livres do domínio do pecado e da imoralidade, todos os nossos esforços para isto são inúteis, a menos que sejamos realmente nascidos de novo, reconciliados com Deus, libertos do poder de Satanás e como novas criaturas em Cristo, vivendo uma vida renovada no Espírito Santo (Jo 3.3; Rm 8; 2 Co 5.17).
7.24 - Miserável homem que eu sou! A pessoa não convertida, em sua luta desigual com o pecado, termina dominada, cativa (v. 23). O pecado vence e a pessoa vende-se ao pecado como escrava (v. 14). Miserável condição esta; quem poderá livrar-nos? A resposta é: "por Jesus Cristo, nosso Senhor" (v. 25). É Ele o único que pode nos libertar "da lei do pecado e da morte" (8.2)
Rm. 8 - A lei do Espírito
Esse é um dos capítulos mais amados de toda a Bíblia.
O Espírito que habita nos fiéis. (v.1 – 11) Em Cristo não somente recebemos o perdão dos nossos pecados, mas também a nova vida, o novo nascimento. A nossa vida natural é, por assim dizer, impregnada pelo Espírito de Deus, e nasce dentro de nós um novo espírito, uma natureza divina ainda incipiente, de modo semelhante ao começo da vida física, da natureza adâmica, pelos nossos pais.
Nossa vida natural, proveniente de Adão, e a nova vida, divina, proveniente de Cristo: essa é a realidade dentro de nós. Talvez não a sintamos nem tenhamos consciência dela, mas ela existe. Aceitamos esse fato como questão de fé. Existe, dentro de nós mesmos, além do alcance de nosso conhecimento consciente, a vida divina, nascida do Espírito de Deus, ou seja, sob seu amoroso cuidado, operando sem alarde, mas sem se cansar, visando obter controle da totalidade do nosso ser e nos transformar segundo a imagem de Deus. Essa é a vida que desabrochará em glória imortal no dia da ressurreição.
Nossa obrigação para com o Espírito (v. 12-17). Viver segundo o Espírito significa que, embora dependamos total e implicitamente de Cristo para a salvação, continuamos lutando extenuantemente para obedecer à sua Palavra. Paulo deixa explícito que a graça de Cristo não nos desobriga de fazer tudo o que está ao nosso alcance para vivermos em retidão.
No entanto, "viver de acordo com a carne” segundo nossa natureza pecaminosa — importa em capitular diante da gratificação dos desejos de nossa natureza pecaminosa. Alguns desejos são perfeitamente naturais e necessários, tais como o desejo de alimentos. Alguns desejos são errados. Devemos nos abster totalmente dos desejos errados. Podemos desfrutar dos demais, mas sempre tomando o cuidado de manter nossa vontade focalizada em Cristo.
8.1 - Os que estão em cristo Jesus. Paulo acaba de demonstrar que a vida sem a graça de Cristo é derrota, miséria e escravidão do pecado. Agora, em Rm 8, Paulo nos diz que a vida espiritual, a liberdade da condenação, a vitória sobre o pecado e a comunhão com Deus nos vêm pela união com Cristo, mediante o Espírito Santo que em nós habita. Ao recebermos o Espírito e sermos por Ele dirigidos, somos libertos do poder do pecado e prosseguimos adiante para a glorificação final em Cristo. Essa é a vida cristã normal, segundo a plena provisão do evangelho.
8.2 - A lei do espírito. Esta "lei do espírito de vida" é o poder e a vida do Espírito Santo, reguladores e ativadores operando na vida do crente. O Espírito Santo entra no crente e o liberta do poder do pecado ( 7.23). A lei do Espírito entra em plena operação, à medida que os crentes se comprometem a obedecer ao Espírito Santo (vv. 4,5,13,14). Descobrem que um novo poder opera dentro deles; poder este que os capacita a vencer o pecado. A "lei do pecado e da morte", neste versículo, é o poder dominante do pecado, que faz da pessoa uma escrava do pecado (7.14), reduzindo-a à miséria (7.24).
8.4 - Para que a justiça da lei se cumprisse em nós. O Espírito Santo operando dentro do crente, capacita-o a viver uma vida de retidão que é considerada o cumprimento da lei moral de Deus. Sendo assim, a operação da graça e a guarda da lei moral de Deus não conflitam entre si ( 2.13; 3.31; 6.15; 7.12,14). Ambas revelam a presença da justiça e da santidade divinas.
8.5-14 - Segundo a carne... segundo o espírito. Paulo descreve duas classes de pessoas: as que vivem segundo a carne e as que vivem segundo o Espírito.
1) Viver "segundo a carne" ("carne", aqui, é o elemento pecaminoso da natureza humana) é desejar e satisfazer os desejos corrompidos da natureza humana pecaminosa; ter prazer e ocupar-se com eles. Trata-se não somente da fornicação, do adultério, do ódio, da ambição egoísta, de crises de raiva, etc. (ver Gl 5.19-21), mas também da obscenidade, de ser viciado em pornografia e em drogas, do prazer mental e emocional em cenas de sexo, em peças teatrais, livros, vídeo, cinema e assim por diante .
2) Viver "segundo o Espírito" é buscar a orientação e a capacitação do Espírito Santo e submeter-nos a elas e concentrar nossa atenção nas coisas de Deus.
É estar sempre consciente de que estamos na presença de Deus, e nEle confiarmos para que nos assista e nos conceda a graça de que carecemos para que a sua vontade se realize em nós e através de nós. (3) É impossível obedecer à carne e ao Espírito ao mesmo tempo (vv. 7,8; Gl 5.17,18). Se alguém deixa de resistir, pelo poder do Espírito Santo, a seus desejos pecaminosos e, pelo contrário, passa a viver segundo a carne (v.13), torna-se inimigo de Deus (8.7; Tg 4.4), e a morte espiritual e eterna o aguarda (v.13). Aqueles cujo amor e solicitude estão prioritariamente fixados nas coisas de Deus, podem esperar a vida eterna e a comunhão com Ele (vv. 10,11,15,16)
8.9 - Se... o espírito de deus habita em vós. Todo crente, desde o momento em que aceita Jesus Cristo como Senhor e Salvador, tem o Espírito Santo habitando nele (v. 9; cf. 1 Co 3.16; 6.19,20)
8.10 o corpo... está morto por causa do pecado. O pecado invadiu o elemento físico do nosso ser; daí o nosso corpo ter que morrer, ou ser transformado (1 Co 15.50-54; 1 Ts 4.13-17). Mas, porque Cristo está em nós, experimentamos agora a vida do Espírito.
8.13 - Mortificardes as obras do corpo. Paulo salientou a necessidade da guerra contínua contra tudo que tentar limitar a obra de Deus em nossa vida (cf. 6.11-19), porque o pecado sempre se esforça para reconquistar o seu controle sobre nós.
1) Esse conflito espiritual, embora seja dirigido contra Satanás e todas as hostes espirituais (Ef 6.12), é, antes de tudo, contra as paixões e desejos da "carne",da natureza humana pecaminosa (Gl 5.16-21; Tg 4.1; 1 Pe 2.11). Como crentes, devemos sempre decidir o seguinte: não ceder aos desejos pecaminosos, e sim aos ditames da natureza divina, da qual somos participantes (Gl 5.16,18; 2 Pe 1.4).
2) O fato de o crente não pôr um fim às ações pecaminosas do corpo resulta em morte espiritual (vv. 6,13) e perda da herança no reino de Deus (Gl 5.19-21). A palavra "morrereis" (v. 13) significa que um cristão pode passar da vida espiritual para a morte espiritual. Assim, a vida de Deus que recebemos ao nascer de novo (Jo 3.3-6) pode ser apagada na alma do crente que se recusa a mortificar, pelo poder do Espírito, os atos pecaminosos do corpo.
8.14 - Esses são filhos de Deus. Aqui, Paulo mostra a base da certeza da salvação. Se estamos fielmente mortificando as ações pecaminosas do corpo (v. 13), estamos sendo guiados pelo Espírito. Todos os que são guiados pelo Espírito são filhos de Deus.
8.14 - Guiados pelo espírito de Deus. O Espírito Santo habita no crente como filho de Deus, a fim de levá-lo a pensar, falar e agir de conformidade com a Palavra de Deus.
1) Ele orienta o crente, principalmente, por impulsos que:
- a) são exortações interiores para o crente cumprir a vontade de Deus e mortificar as obras pecaminosas do corpo (v. 13; Fp 2.13; Tt 2.11,12);
- b) estão sempre em harmonia com as Escrituras (1 Co 2.12,13; 2 Pe 1.20,21);
- c) visam a dar orientação na vida (Lc 4.1; At 10.19,20; 16.6,7);
d)opõem-se aos desejos pecaminosos oriundos das tendências naturais do crente (Gl 5.17,18; 1 Pe 2.11);
- e) têm a ver com a culpa do pecado, o padrão da justiça de Cristo e o juízo divino contra o mal (Jo 16.8-11);
- f) exortam o crente a perseverar na fé e o advertem contra a apostasia da sua fé em Cristo (v.13; Hb 3.7-14);
- g) enfraquecem à medida que o crente deixa de obedecer aos apelos do Espírito (1.28; Ef 4.17-19,30,31; 1 Ts 5.19);
- h) resultam em morte espiritual quando rejeitados (vv. 6,13); e
- I) resultam em vida espiritual e em paz quando obedecidos (vv. 6,10,11,13; Gl 5.22,23).
2) Os avisos ou a voz interior do Espírito vêm através de:
- a) ler a Palavra de Deus (Jo 14.26; 15.7,26; 16.13; 2 Tm 3.16,17);
- b) orar fervorosamente (8.26; At 13.2,3);
- c) ouvir a pregação e ensino sadios e santos (2 Tm 4.1,2; Hb 13.7,17);
- d) exercitar as manifestações do Espírito (ver 1 Co 12.7-10; 14.6); e (e) acatar os conselhos de pais cristãos e de líderes espirituais fidedignos (Ef 6.1; Cl 3.20).
8.16 - O mesmo espírito testifica. O Espírito Santo nos transmite a confiança de que, por Cristo e em Cristo, agora somos filhos de Deus (v. 15). Ele torna real a verdade de que Cristo nos amou, ainda nos ama e vive por nós no céu, como nosso Mediador (Hb 7.25). O Espírito também nos revela que o Pai nos ama como seus filhos por adoção, não menos do que Ele ama seu Filho Unigênito (Jo 14.21,23; 17.23). Finalmente, o Espírito cria em nós o amor e a confiança que nos capacitam a lhe clamar: "Aba, Pai" (v. 15).
8.17 - Se... com ele padecemos. Paulo nos faz lembrar que a vida vitoriosa no Espírito Santo não é nenhum caminho fácil. Jesus sofreu, e nós que o seguimos sofreremos também. Esse sofrimento é considerado um sofrimento em conjunto com Ele (2 Co 1.5; Fp 3.10; Cl 1.24; 2 Tm 2.11,12) e advém do nosso relacionamento com Deus como seus filhos, da nossa identificação com Cristo, do nosso testemunho dEle e da nossa recusa de nos conformar com o mundo (12.1,2).
8.18 - As aflições deste tempo presente. Todos os sofrimentos do momento enfermidade, dor, calamidade, decepções, pobreza, maus-tratos, tristeza, perseguição e todos os tipos de aflição devem ser considerados insignificantes ante a bênção, os privilégios e a glória que serão concedidos ao crente fiel, na era vindoura ( 2 Co 4.17).
O sofrimento de toda a criação (v. 18-25). A totalidade da criação natural incluindo nós mesmos, geme pela ordem superior de existência que será revelada no dia em que Deus completar a redenção que operou, quando o “corpo sujeito a esta morte” (7.24) receberá a liberdade definitiva da glória do céu. É urna concepção grandiosa da obra de Cristo.
8.22 - Toda a criação geme. Nos versículos 22-27, Paulo fala de três gemidos diferentes: o da criação (v. 22), o dos crentes (v. 23) e o do Espírito Santo (v. 26). A "criação" (a natureza animada e inanimada) tornou-se sujeita ao sofrimento e às catástrofes físicas, por causa do pecado humano (v. 20). Deus, portanto, determinou que a própria natureza será redimida e recriada. Haverá novo céu e nova terra; uma restauração de todas as coisas, segundo a vontade de Deus (2 Co 5.17; Gl 6.15; Ap 21.1,5), quando, então, os fiéis servos de Deus receberão sua plena herança (vv. 14,23)
8.23 - Também gememos. Embora os crentes possuam o Espírito e as suas bênçãos, eles também gemem no íntimo, ansiando por sua plena redenção. Gemem por duas razões.
1) Os crentes, por viverem num mundo pecaminoso que entristece o seu espírito, continuam experimentando a imperfeição, a dor e a tristeza. Os gemidos do crente expressam a sua profunda tristeza sentida ante essas circunstâncias (2 Co 5.2-4).
2) Gemem ao suspirar por sua redenção total e pela plenitude do Espírito Santo que serão outorgadas na ressurreição. Gemem pela glória a lhes ser revelada e pelos privilégios da plena filiação celestial (cf. 2 Co 5.2,4).
8.26 – O espírito... intercede por nós com gemidos. No tocante à atividade do Espírito Santo em ajudar o crente a orar, três observações são importantes:
1) O filho de Deus tem dois intercessores divinos. Cristo intercede no céu pelo crente, perante a face do Pai (v. 34;1 Jo 2.1) e o Espírito Santo intercede no íntimo do crente, na terra
2) "Com gemidos", provavelmente, indica que o Espírito intercede juntamente com os gemidos do crente. Esses gemidos têm lugar no coração do crente.
3) Os desejos e anseios espirituais dos crentes têm sua origem no Espírito Santo, que habita em nosso coração. O próprio Espírito suspira, geme e sofre dentro de nós, ansiando pelo dia final da redenção (vv. 23-25). Ele apela ao Pai em favor das nossas necessidades "segundo [a vontade de] Deus" (v. 27)
A intercessão do Espírito (v. 26-30). O Espírito que em nós habita não é somente a garantia da nossa ressurreição e glória futura, mas também, mediante suas orações em nosso favor, temos a garantia de que Deus fará com que tudo quanto já nos aconteceu e tudo quanto ainda possa acontecer coopere juntamente para o nosso bem. É possível que nos esqueçamos de orar, mas o Espírito nunca se esquece. Deus cuidará de nós até o fim. Nunca nos esqueçamos de confiar nele.
8.28 - Todas as coisas contribuem juntamente para o bem. Este trecho traz grande conforto ao filho de Deus, quando temos que enfrentar sofrimentos nesta vida.
1) Deus fará o bem surgir de todas as aflições, provações, perseguições e sofrimentos. O bem que Deus leva a efeito é conformar-nos à imagem de Cristo e, finalmente, levar a efeito a nossa glorificação.
2) Essa promessa é limitada aos que amam a Deus e lhe são submissos mediante a fé em Cristo (cf. Êx 20.6; Dt 7.9; Sl 37.17; Is 56.4-7; 1 Co 2.9). (3) "Todas as coisas" não incluem os nossos pecados e nossa negligência (6.13; 6.16,21,23; Gl 6.8); isso quer dizer que ninguém pode alegar motivo para pecar, justificando que Deus fará resultar isso em bem
8.29 - Os que dantes conheceu. Neste versículo, conhecer de antemão é o equivalente a amar de antemão e é usado no sentido de "ter como objeto de estima afetiva" e "optar por amar desde a eternidade" (Êx 2.25; Sl 1.6; Os 13.5; Mt 7.23; 1 Co 8.3; Gl 4.9; 1 Jo 3.1).
1) A presciência de Deus, aqui, significa que Ele determinou desde a eternidade, amar e redimir a raça humana através de Cristo (5.8; Jo 3.16). O objeto da presciência (ou do amor eterno) de Deus aparece no plural e refere-se à igreja. Isso significa que o amor eterno de Deus objetiva, principalmente, o corpo coletivo de Cristo (Ef 1.4; 2.4; 1 Jo 4.19) e somente tem a ver com indivíduos à medida que estes integram esse corpo coletivo, mediante a fé permanente em Cristo e a sua união com Ele (Jo 15.1-6)
2) O corpo coletivo de Cristo alcançará a glorificação no porvir (v. 30). O crente, considerado à parte, não alcançará a glorificação, caso ele venha a separar-se do corpo de Cristo, amado de antemão pelo Pai, e deixar de conservar sua fé no Senhor (v. 12-14,17; Cl 1.21-23)
8.36 - Como ovelhas para o matadouro. As adversidades alistadas pelo apóstolo nos versículos 35,36 têm sido experimentadas pelo povo de Deus através dos tempos (At 14.22; 2 Co11.23-29; Hb 11.35-38). Nenhum crente deve estranhar o fato de experimentar adversidades, perseguição, fome, pobreza ou perigo. Aflições e calamidades não significam, decerto, que Deus nos abandonou, nem que Ele deixou de nos amar (v. 35). Pelo contrário, nosso sofrimento como crentes, abrir-nos-á o caminho pelo qual experimentaremos mais do amor e consolo de Deus (2 Co 1.4,5). Paulo nos garante que venceremos em todas essas adversidades e que seremos mais que vencedores por meio de Cristo (vv. 37-39; cf. Mt 5.10-12; Fp 1.29).
8.39 - O amor de Deus... em Cristo Jesus nosso senhor. Se alguém fracassar na sua vida espiritual, não será por falta da graça e amor divinos (vv. 31-34), nem por causa de poderes do mal ou adversidades demais (vv. 35-39), mas porque tal pessoa foi negligente na sua comunhão com Cristo. Somente "em Cristo Jesus" é que o amor de Deus foi manifestado e somente nEle o desfrutamos. Somente à medida que permanecemos em Cristo Jesus como "nosso Senhor" é que poderemos ter a certeza de que nunca seremos separados do amor de Deus.
Nada nos separará do amor de Cristo (v. 31-39). Ele morreu por nós. Ele nos tem perdoado. Ele nos concedeu sua continua presença na pessoa de seu Espírito. Se somos dele, nenhum poder na terra ou no céu poderá impedir que ele nos leve a si mesmo, à presença eterna de Deus. Essa é uma das passagens mais magníficas de toda a Bíblia.
Rm. 9.- 11 - O problema da incredulidade dos judeus
Um dos maiores tropeços à aceitação geral do evangelho de Cristo pelos judeus foi a incredulidade. Embora um número considerável de judeus, especialmente na Judéia, tivesse se tornado cristão, a nação como um todo não somente descria como também lutava veementemente contra a fé.
Os líderes judeus crucificaram o Cristo. Perseguiam a igreja em qualquer oportunidade que se apresentasse. Foram os judeus incrédulos que promoveram distúrbios contra Paulo em quase todas as cidades por onde ele passava.
Se Jesus era realmente o Messias prometido nos escritos proféticos dos próprios judeus, como foi que a nação escolhida por Deus o rejeitou?
Os três capítulos que se seguem contêm a resposta de Paulo.
A tristeza de Paulo por Israel (9.1-5) Uma declaração muito expressiva de seus sentimentos por Israel: estaria disposto a perder a própria alma se o resultado pudesse ser a salvação desse povo. Depois de tudo o que sofrera nas mãos de seus compatriotas judeus, Paulo não se sente irado nem acalenta ressentimentos, somente profunda tristeza.
9.1 - A incredulidade de Israel. Nos capítulos 9-11, Paulo trata do problema de Israel: sua eleição no passado (9.6-29), sua presente rejeição do evangelho (9.30-10.21) e sua salvação futura (11.1-36; para uma exposição desse argumento.
9.2 - Tenho... contínua dor no meu coração. A preocupação e tristeza incessantes de Paulo pelos que estão sem Cristo (10.1; 11.14; 1 Co 9.22) deve ser a atitude de todo cristão. Essa mesma atitude de tristeza e de disposição de sofrer em prol da salvação do próximo, vemos em Moisés (Êx 32.32) e em Jesus (Mt 23.37; Rm 3.24,25).
9.6 - Não que a palavra de deus haja faltado. Com este versículo, Paulo começa uma extensa análise da maneira de Deus lidar com a nação de Israel e da razão da sua descrença atual.
9.13 - Amei Jacó e aborreci Esaú. Este versículo não significa que Jacó e seus descendentes foram eleitos para salvação eterna, enquanto que Esaú e seus descendentes foram eleitos para condenação eterna. Trata-se, antes, da eleição dos descendentes de Jacó para serem o canal da revelação e bênção de Deus para o mundo. Observe que, segundo os capítulos 9-11, a maioria dos descendentes de Jacó deixou de cumprir a sua vocação e, portanto, acabou sendo rejeitada por Deus (vv. 27, 30-33; 10.3; 11.20).
Além disso, aqueles que não eram "amados" (os gentios) obedeceram a Deus pela fé e se tornaram "filhos do Deus vivo" (vv. 25,26).
9.15 - Terei misericórdia. Este versículo enfatiza a livre ação da misericórdia de Deus. Sua compaixão ativa e transbordante não pode ser merecida nem controlada pelos seres humanos (v. 16). Sua decisão é ter misericórdia de todos (11.32).
9.18 - Compadece-se de quem quer. A intenção de Deus é compadecer-se daqueles que se arrependem e crêem em Jesus como Senhor e Salvador. Ao mesmo tempo, Ele endurece a todos que se recusam a arrepender-se e optam por continuar nos seus pecados, rejeitando assim a salvação em Cristo. Esse propósito de Deus não muda quanto à pessoa ou nação (2.4-11).
9.18 - Endurece a quem quer. O endurecimento do coração do Faraó (v. 17), às vezes, é atribuído a Deus (Êx 4.21; 7.3,13; 9.12; 10.1; 11.10; 14.17) e, noutras ocasiões, ao próprio Faraó (Êx 7.22,23; 8.15,32). Faraó, cujo coração já estava em oposição a Deus, recebeu o devido julgamento da parte de Deus. Quando Faraó resistiu à vontade de Deus, a resposta de Deus foi endurecê-lo ainda mais Sendo assim, o endurecimento do coração do Faraó não foi uma ação arbitrária de Deus, pois Ele agiu segundo seu princípio justo, de endurecer todos aqueles que o rejeitam ( Rm 1.21-32).
9.21 - Não tem o oleiro poder sobre o barro? Paulo está argumentando sobre o direito de Deus de usar certas pessoas para realizarem seu propósito redentor, sem ter que dar explicações a ninguém.
1) Não devemos interpretar essas palavras, julgando que Deus não se serve de princípios morais inerentes ao seu próprio caráter santo, ao lidar com indivíduos e nações. Deus se rege na sua natureza, não pela vontade humana, mas pelo seu amor (Jo 3.16), misericórdia (Sl 25.6), integridade moral e compaixão (Sl 116.5).
2) Aqueles que interpretam os versículos 6-29, no sentido de Deus arbitrariamente escolher certas pessoas para a salvação e outras para a destruição, entendem erroneamente este trecho.
9.22,23 - Vasos da ira... vasos de misericórdia. A expressão "vasos da ira" refere-se àqueles que, pela prática do pecado, estão se preparando para a sua destruição eterna. O indivíduo torna-se um vaso da ira através dos seus próprios atos pecaminosos e da sua própria rebelião contra Deus, conforme Paulo já declarara: "Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti" (2.5). Apesar disso, os vasos da ira ainda poderão arrepender-se, voltar-se para Deus e receber sua misericórdia. A expressão "vasos de misericórdia" (v. 23) refere-se àqueles, tantos judeus como gentios, que crêem em Jesus Cristo e o seguem (vv. 24-33).
9.32 - Não foi pela fé. A má condição espiritual da maioria em Israel devia-se à recusa, por aquela nação, do plano de Deus para a salvação pela fé em Cristo (v.33). Muitos gentios, no entanto, aceitaram o caminho divino da salvação e alcançaram a justiça que vempela fé.
A soberania de Deus (9.6-24). Nessa passagem, Paulo não está tratando da questão da predestinação dos indivíduos à salvação ou à condenação. O que Paulo está afirmando é a soberania absoluta de Deus na escolha e governo das nações do mundo, de tal maneira que todas elas, no fim, acabarão ficando sujeitas a ele. A declaração enfática do versículo 16 coloca toda a responsabilidade pelo resultado final na conta da misericórdia de Deus. (O presente versículo fala de uma nação, mas também pode se referir a indivíduos; outras passagens semelhantes certamente se referem a estes: 8.28-30 At 2.23; 4.28; 13.48.)
Como reconciliar a soberania de Deus com o livre-arbítrio humano, não sabemos. Ambas as doutrinas ensinadas com clareza na Bíblia. Cremos em ambas. Entretanto, explicar como ambas podem ser ente verdadeiras é questão que teremos que deixar, por enquanto, para outros tratarem. Algumas coisas que agora vemos são meros reflexos obscuros, como em espelho, mas virá o dia em que conheceremos plenamente, assim como somos conhecidos (I Co 13.12).
Preditas nas Escrituras (9.25-33). Tanto a rejeição de Israel quanto a adoção dos povos gentios por Deus foram igualmente previstas. Portanto, em vez de a acharmos um tropeço, deveríamos ter contado com isso.
A culpa e dos próprios judeus (10.1-21). Deus não obrigou os judeus a rejeitar a Cristo; eles o a por conta própria. Era uma simples questão de ouvir (v. 8-17). Os judeus ouviram, mas desobedeceram deliberadamente (v. 18-2 1). Como conciliar esse fato com 9.16, não sabemos; virá o dia em que leremos plenamente, apesar do fato de que as perguntas que agora nos deixam perplexos sem dúvida se tornarão insignificantes diante do fulgor da presença de divina.
10.1 - O desejo do meu coração e a oração a deus. A solicitude evidenciada por Paulo aqui, não significa que ele professava a doutrina da predestinação ou preordenação das pessoas para o céu ou o inferno.
10.3 - Não se sujeitaram. Para o comentário sobre como o capítulo 10 se encaixa no argumento de Paulo contido nos capítulos
10.9,10 - Se confessares... e em teu coração creres. As coisas essenciais à salvação estão resumidas neste trecho. Centralizam-se na fé, no senhorio de Cristo e na sua ressurreição corporal. A fé deve estar no coração, que aqui abrange as emoções, o intelecto e a vontade, afetando a personalidade inteira. A fé deve, também, envolver uma decisão pública por Cristo como Senhor, tanto em palavras como em ações.
10.9 - Confessares ao Senhor Jesus. O mais antigo credo ou confissão da igreja do NT não trata de Jesus como Salvador, mas Jesus como Senhor (At 8.16; 19.5; 1 Co 12.3). Jesus Cristo é especificamente chamado "Salvador" 16 vezes no NT, e "Senhor" mais de 450 vezes.
1) O ensino atual, nalguns círculos evangélicos, de que Jesus pode ser o Salvador de alguém, sem ter que ser seu Senhor, não se acha em nenhuma parte do NT. Ninguém pode aceitar Jesus como Salvador sem também aceitá-lo como Senhor (10.9). Esse é um elemento essencial da pregação apostólica (At 2.36-40).
2) "Senhor" significa aquele que tem o poder, domínio, autoridade e o direito de mandar. Confessar Jesus como Senhor é declarar que Ele é igual a Deus (v.13; Jo 20.28; At 2.36; Hb 1.10) e digno do poder (Ap 5.12), da adoração (Fp 2.10,11), da confiança (Hb 2.13), da obediência (Hb 5.9) e da oração (At 7.59,60; 2 Co 12.8).
3) Quando os crentes no NT chamavam Jesus de "Senhor", não se tratava de mera profissão de fé, ou uma simples repetição, mas de uma atitude sincera e interna do coração (1 Pe 3.15), pela qual colocavam Cristo como único e supremo Senhor sobre a totalidade das suas vidas (Lc 6.46-49; Jo 15.14). Jesus precisa ser aceito como Senhor dos assuntos espirituais, no lar e na igreja, bem como em todas as áreas da vida, inclusive a intelectual, a financeira, a educacional, a recreativa, a vocacional, etc. (12.1,2; 1 Co 10.31).
10.9 -Deus o ressuscitou dos mortos. Quem nega a ressurreição corporal de Jesus Cristo não tem o direito legítimo de dizer que é cristão; continua um incrédulo, uma vez que a morte e a ressurreição de Cristo é o evento central na salvação (1.4; 4.25; 5.10,17; 6.4-10; 8.11,34).
A salvação futura de Israel (11.1-36). A rejeição de Cristo por Israel é temporária. Virá o dia em que Israel será salvo (v. 26). Não se declara aqui quando ou como isso acontecerá. Nem sequer se declara se o fato estará ao regresso dos judeus à Palestina — só temos a certeza fundamental de que acontecerá. Uma das manchas mais escuras no panorama da história universal é o sofrimento, século após do povo escolhido por Deus. Dias virão, porém, em que tudo isso chegará ao fim, Israel se voltará, arrependido, ao Senhor. E toda a criação dará graças a Deus pela sabedoria de sua providência
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11.1 - Rejeitou deus o seu povo? Paulo passa a explicar que a rejeição de Israel por Deus é apenas parcial e temporária; Israel, finalmente, aceitará a salvação de Deus em Cristo. Para uma análise de como esse capítulo se encaixa no argumento de Paulo.
11.5 - A eleição da graça. Esta expressão refere-se ao desígnio gracioso de Deus ao enviar seu Filho ao mundo para salvar a todos quantos nEle crerem. A eleição provém do propósito salvífico de Deus "antes da fundação do mundo" (Ef 1.4). A partir da vinda de Cristo e da sua morte e ressurreição, a eleição inclui todos que crêem e obedecem a Cristo e ao evangelho. Sendo assim, tanto Deus quanto o homem atuam na eleição. O alvo da "eleição da graça" é o homem ser santo e inculpável diante de Deus (Ef 1.4; cf. Rm 3.22; 4.1-5,16)
11.11 -Veio a salvação aos gentios. A transgressão de Israel, i.e., sua rejeição e crucificação de Jesus, resultou na salvação para o mundo inteiro (Is 49.5,6).
11.12 - A sua plenitude. A "plenitude" de Israel pode referir-se a um tempo quando muitos em Israel crerão em Jesus Cristo como o Filho e Messias de Deus (v.15), trazendo bênçãos ainda maiores ao mundo (Is 11.10-16; 29.17-24 ).
11.14 –I ncitar à emulação. Todas as igrejas devem ferventemente buscar a Deus, pedindo-lhe que seu poder, sua graça e demais bênçãos sejam tão abundantes sobre elas, que alguns em Israel tenham inveja e busquem o Senhor. A salvação em Cristo e os privilégios do seu reino, manifestos na prática em nossa vida, criarão em Israel o desejo de receber as mesmas bênçãos.
11.20 - Pela sua incredulidade. A solução do destino de Israel não consiste num decreto arbitrário de Deus, mas na sua própria incredulidade e rejeição da graça de Deus em Cristo.
11.22 - Também tu serás cortado. Paulo faz uma solene advertência a todos os crentes gentios, i.e., a todas as igrejas, denominações ou fraternidades cristãs.
1) Existe a terrível possibilidade de Deus repudiar ou "cortar" qualquer indivíduo, ministério, igreja ou grupo de igrejas que não "permanecem na sua benignidade", na fé apostólica e nos padrões de justiça do NT (v. 22).
2) Se Deus não poupou Israel, não poupará qualquer igreja ou comunidade cristã (v. 21), se rejeitarem os caminhos de Deus e se conformarem com este mundo (12.2). Logo, todas as igrejas cristãs devem "temer" (v. 20), tendo em mente tanto "a bondade", como "a severidade de Deus", e tudo fazendo para continuarem na fé e na prática apostólicas do NT. Nenhuma igreja cristã, nem ministério, pode pressupor confiadamente que nunca sofrerá juízo divino. Seja igreja, seja pessoa, "para com Deus não há acepção de pessoas" (2.11; Ap 2-3 ).
11.25 - A plenitude dos gentios. A "plenitude dos gentios" significa a conclusão do propósito de Deus ao chamar para si um povo dentre os gentios (At. 15.14). É possível que se relacione, também, com um período em que a iniqüidade dos gentios se complete, quando o pecado no mundo chegar ao nível pleno da rebelião contra Deus (cf. Gn 15.16). Nessa ocasião, Cristo voltará para julgar o mundo (Lc 21.24,27; cf. Gn 6.5-7,11-13; 18.20-33; 19.24,25; Lc 17.26-30).
11.26 -Todo o Israel. A expressão "todo o Israel" deve ser entendida como uma referência à soma global dos crentes israelitas.
1) O número de judeus crentes em Cristo aumentará grandemente durante os dias tenebrosos da tribulação (Dt 4.30,31; Os 5.14-6.3; Ap 7.1-8). A tribulação terminará quando Cristo operar o livramento dos crentes israelitas e destruir os demais judeus incrédulos (Is 10.20; Zc 13.8,9). Todos os "rebeldes" ( os judeus ímpios) serão expurgados (Ez 20.34-44 ).
2) O remanescente crente de Israel (os sobreviventes do fim dos tempos) e os fiéis em Israel, das gerações passadas, constituem "todo o Israel" (Ez 37.12-14).
11.29 -Os dons e a vocação de deus. Estas palavras se referem aos privilégios de Israel mencionados em 9.4,5 e 11.26. O contexto desta passagem tem a ver com Israel e os propósitos de Deus para aquela nação e não aos dons espirituais ou à vocação ministerial relacionados com a obra do Espírito Santo na igreja (12.6-8; 1 Co 12). A chamada ministerial, o ingresso no ministério e permanência nele, tudo deve ser feito segundo as qualificações do caráter pessoal e dos antecedentes espirituais do indivíduo.
Rm. 12 - A vida transformada
Um capítulo magnífico. Seu tom na faz lembrar o Sermão do Monte, proferido por Jesus. Paulo encerrava invariavelmente toda e qualquer consideração teológica com uma exortação sincera à do viver cristão. E aqui também. Nos capítulos anteriores, ele insistira em que nossa situação de Deus depende inteiramente da misericórdia de Cristo. e não de nossas boas obras. Aqui igualmente que a misericórdia que perdoa com tanta graciosidade é justamente o que nos e ímpeto poderoso e irresistível para a prática das boas obras e que transforma toda a nossa maneira de considerar a vida.
Deus tem que está morando em nós e nós mesmos nos julgamos.
A humildade de espírito (v. 3-8). Essa exortação é endereçada a todos os cristãos, mas é de importância ainda maior para os líderes eclesiásticos. Ë tão comum a posição de liderança, que deveria nos tornar humildes, acabar nos enchendo de orgulho! E é tão freqüente uma pessoa com determinada a depreciar os talentos diferentes possuídos por outros
Deus concede a cada cristão a”proporção de fé”a fim de exercer certos ministérios no corpo de Cristo, a igreja.A capacidade de pôr em prática esses dons provém de Deus. Resulta dai que não existe lugar
Para o orgulho, para alguém se sentir mais importante que os outros por causa de algum dos dons que tão livremente nos são concedidos.
Paulo se refere ao corpo humano como a imagem da igreja. Deve haver união e integração — só que do corpo tem propósito e função diferentes. A unidade da igreja centraliza-se em Cristo. Deus livremente concede dons aos membros, visando satisfazer as necessidades de toda a igreja como corpo de Cristo.Esses dons, concedidos para o ministério, incluem a profecia, a prestação de serviços, o ensino, o encorajamento, a contribuição para suprir as necessidades dos outros. a liderança e a prática da misericórdia (12.5-8). Os membros das igrejas precisam usar esses dons para que a igreja possa funcionar conforme Deus planejou.
Qualidades celestiais (v. 9-21). Se chegarmos algum dia a nos convencer de que somos cristãos muito bons, essa lista de exortações servirá como espelho para nos mostrar a distância que ainda teremos que percorrer e o quanto necessitamos da ajuda e da misericórdia de Cristo!
12.1 - Que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo. O crente deve ter uma paixão sincera por agradar a Deus, no amor, na devoção, no louvor, na santidade e no servir.
1) Nosso maior desejo deve ser uma vida de santidade, e sermos aceitos por Deus. Para isso, precisamos separar-nos do mundo e aproximar-nos cada vez mais de Deus (v. 2). Devemos viver para Deus, adorá-lo, obedecer-lhe; opor-nos ao pecado e apegar-nos à justiça; resistir e repudiar o mal, ser generosos com o próximo na prática de boas obras, imitar a Cristo, segui-lo, servi-lo, andar na direção do Espírito Santo e ser cheio dEle.
2) Devemos apresentar a Deus, nosso corpo como morto ao pecado e como templo do Espírito Santo (1 Co 6.15,19)
12.2 - Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos. Paulo deixa subentender várias coisas neste versículo.
1) Devemos reconhecer que o presente sistema mundano é mau (At. 2.40; Gl 1.4), e que está sob o controle de Satanás (Jo 12.31; 1 Jo 5.19).
2) Devemos resistir às formas prevalecentes e populares do proceder deste mundo e em lugar disso proclamar as verdades eternas e os padrões justos da Palavra de Deus, por amor a Cristo (1 Co 1.17-24).
3) Devemos desprezar e aborrecer aquilo que é mau, amar aquilo que é justo (v. 9; 1 Jo 2.15-17)
e não ceder aos vários tipos de mundanismo que rodeiam a igreja, tais como cobiça, egoísmo, oportunismo, conceitos humanistas, artifícios políticos visando ao poder, inveja, ódio, vingança, impureza, linguagem imunda, diversões ímpias, vestes imodestas e provocantes, imoralidade, drogas, bebidas alcoólicas e companhias mundanas.
4) Devemos conformar nossa mente à maneira de Deus pensar (1 Co 2.16; Fp 2.5), mediante a leitura da Palavra de Deus e sua meditação (Sl 119.11,148; Jo 8.31,32; 15.7). Devemos permitir que nossos planos, alvos e aspirações sejam determinados pelas verdades celestiais e eternas e não por este presente século mau, profano e passageiro.
12.6 - Diferentes dons, segundo a graça. Paulo alista os dons da graça, como são chamados. Um dom
espiritual pode constituir-se de uma disposição interior, bem como de uma capacitação ou aptidão (Fp 2.13) concedida pelo Espírito Santo ao indivíduo, na congregação, para edificação do povo de Deus e para expressar o seu amor a outras pessoas (1 Co 12.1 14.12,26; 1 Pe 4.10). A lista que Paulo dá, aqui, dos dons da graça divina deve ser considerada um exemplário e não a totalidade deles ( 1 Co 12-14)
12.7 - Ministrar... ensinar. "Ministrar" ou "servir" é a disposição, capacidade e poder, dados por Deus, para alguém servir e prestar assistência prática aos membros e aos líderes da igreja, a fim de ajudá-los a cumprir suas responsabilidades para com Deus (At. 6.2,3). "Ensinar" é a disposição, capacidade e poder dados por Deus para o crente examinar e estudar a Palavra de Deus, e de esclarecer, expor, defender e proclamar suas verdades, de tal maneira que outras pessoas cresçam em graça e em piedade (1 Co2.10-16; 1 Tm 4.16; 6.3; 2 Tm 4.1,2)
12.8 - Exorta... reparte... preside... exercita... misericórdia. Trata-se, aqui, de dons espirituais.
1) Exortar é a disposição, capacidade e poder dados por Deus, para o crente proclamar a Palavra de Deus de tal maneira que ela atinja o coração, a consciência e a vontade dos ouvintes, estimule a fé e produza nas pessoas uma dedicação mais profunda a Cristo e uma separação mais completa do mundo ( At. 11.23; 14.22; 15.30-32; 16.40; 1 Co 14.3; 1 Ts 5.14-22; Hb 10.24,25).
2) Repartir é a disposição, capacidade e poder, dados por Deus a quem tem recursos além das necessidades básicas da vida, para contribuir livremente com seus bens pessoais, para suprir necessidades da obra ou do povo de Deus (2 Co 8.1-8; Ef 4.28).
3) Presidir ou liderar é a disposição, capacidade e poder dados por Deus, para o obreiro pastorear, conduzir e administrar as várias atividades da igreja, visando ao bem espiritual de todos (Ef 4.11,12; 1 Tm 3.1-7; Hb 13.7,17, 24).
4) Misericórdia é a disposição, capacidade e poder dados por Deus para o crente ajudar e consolar os necessitados ou aflitos (Ef 2.4)
12.10 - Amai-vos cordialmente uns aos outros. Todos os que se dedicam a Jesus Cristo pela fé, também devem dedicar mútuo amor uns aos outros, como irmãos em Cristo (1 Ts 4.9,10), com afeição sincera, bondosa e terna. Devemos preocupar-nos com o bem-estar, as necessidades e a condição espiritual dos nossos irmãos, sendo solidários e assistindo-os nas suas tristezas e problemas. Devemos preferir-nos em honra uns aos outros, i.e., devemos estar dispostos a respeitar e honrar as boas qualidades dos outros crentes.
Rm 13 - Obediência à lei civil
Os governos civis são estabelecidos por Deus (v. 1) a fim de refrear os elementos criminosos da sociedade, embora os cargos governamentais sejam freqüentemente ocupados e exercidos por pessoas iníquas. Devemos saber fazer separação entre os sentimentos a respeito das pessoas que ocupam esses cargos e a autoridade inerente ao próprio cargo. Os cristãos devem ser cidadãos cumpridores das leis, obedientes ao governo do país em que vivem sendo governados pelos princípios da Regra Áurea em todas as atitudes e os relacionamentos na vida (v.8-l0) e fazendo o máximo esforço para sermos continuamente íntegros em todas as coisas e para tratar o próximo com consideração.
A aurora se aproxima (v. 11- 14).”A noite está quase acabando; o dia logo vem:’ Isso se refere aos que já eram cristãos havia algum tempo, ou à era cristã que avança em direção à sua consumação ou à vinda do Senhor em glória e à nossa ida a ele mediante a morte.
13.1 - Sujeita às autoridades superiores. Deus ordena que o cristão obedeça ao estado, porque este, como instituição, é ordenado e estabelecido por Deus. Deus instituiu o governo porque, neste mundo caído, precisamos de leis para nos proteger do caos e da desordem como conseqüências naturais do pecado.
1) O governo civil, assim como tudo mais na vida, está sujeito à lei de Deus.
2) Deus estabeleceu o estado para ser um agente da justiça, para refrear o mal mediante o castigo do malfeitor e a proteção dos elementos bons da sociedade (vv. 3,4; 1 Pe 2.13-17).
3) Paulo descreve o governo, tal qual ele deve ser. Quando o governo deixar de exercer a sua devida função, ele já não é ordenado por Deus, nem está cumprindo com o seu propósito. Quando, por exemplo, o estado exige algo contrário à Palavra de Deus, o cristão deve obedecer a Deus, mais do que aos homens (At. 5.29, Dn 3.16-18; 6.6-10).
4) É dever de todos os crentes orarem em favor das autoridades legalmente constituídas (1 Tm 2.1,2).
13.4 – A espada. A espada é freqüentemente associada à morte, como instrumento da sua execução (Mt 26.52; Lc 21.24; At. 12.2; 16.27; Hb 11.34; Ap 13.10). Deus, claramente, ordenou a execução de criminosos perigosos, autores de crimes hediondos e bárbaros(Gn 9.6; Nm 35.31,33).
13.8 - A ninguém devais coisa alguma. O crente não deve deixar de pagar suas dívidas. Isso não significa que é proibido tomar emprestado do próximo, em caso de necessidade grave (Êx 22.25; Sl 37.26; Mt 5.42; Lc 6.35). Por outro lado, a Palavra de Deus reprova o ato de contrair dívidas por coisas desnecessárias, bem como ficar indiferente quanto ao resgate delas (cf. Sl 37.21). A única dívida que nunca quitamos é a de amar uns aos outros.
13.10 - O amor não faz mal ao próximo. Pratica-se o amor não somente por mandamentos positivos (12.9-21; 1 Co 13.4,6-7), mas também por negativos. Todos os mandamentos mencionados aqui são negativos na sua forma (v. 9; cf. 1 Co 13.4-6). (
1) O amor é positivo, e ao mesmo tempo é negativo, pelo fato da propensão humana para o mal, o egoísmo e a crueldade. Oito dos dez mandamentos da Lei são negativos, porque o mal surge naturalmente e o bem, não. A primeira evidência do amor cristão é apartarmo-nos do pecado e de tudo aquilo que causa dano e tristeza ao próximo.
2) A idéia de que a ética cristã deve ser somente positiva é uma falácia baseada nas idéias da presente sociedade, que procura esquivar-se das proibições que re-freiam os desejos descontrolados da carne (Gl 5.19-21).
13.12 - A noite é passada. Paulo cria na volta iminente do Senhor, para levar para o céu os fiéis das suas igrejas locais aqui na terra, evento que, segundo ele cria, poderia acontecer no decorrer daquela mesma geração. Cristo advertiu que Ele voltaria numa ocasião em que os fiéis estariam certos de que Ele não viria (Mt 24.42,44). Por essa razão, os filhos de Deus devem sempre estar espiritualmente prontos e "rejeitarem as obras das trevas".
13.14 - Revesti-vos do senhor Jesus Cristo. Devemos ser de tal maneira unidos e identificados com Cristo, que imitemos sua vida como padrão para o nosso viver, adotemos seus princípios, obedeçamos a seus preceitos e nos tornemos semelhantes a Ele. Isso demanda uma rejeição total da imoralidade e das concupiscências da carne (Gl 5.19-21).
Rm. 14 - Julgando uns aos outros
Não devemos julgar uns aos outros em coisas tais como comer certos alimentos ou observar dias especiais (ou deixar de comê-los e observá-los). Os alimentos referidos podem ter sido carnes oferecidas em sacrifício ído1o ( I Co 8).Os dias”sagrados”talvez se referissem a insistência dos judeus em que os gentios observassem o sábado e outros dias de festas religiosas judaicas. O dia do Senhor, o primeiro da semana, era o dia do cristão. Se, além desse dia, os cristãos judeus ou gentios quisessem observar também o sábado judaico, tinham direto a isso. Mas não deviam insistir em que os outros fizessem a mesma coisa.
14.2 - De tudo se pode comer... come legumes. Certos crentes de Roma estavam divididos entre si, no tocante a uma questão importante: alguns estavam resolvidos a comer somente legumes, ao passo que outros comiam, além de legumes, todos os demais alimentos, inclusive carne. Paulo declara que o ato de comer, em si, não é problema moral, mas a nossa atitude pessoal sobre o que se come, pode levar ao injusto julgamento de uns para com os outros.
14.5 - Faz diferença entre dia e dia. Trata-se, provavelmente, dos dias especiais de festa segundo as leis cerimoniais do AT. Parece que alguns cristãos ainda consideravam que aqueles dias sagrados do AT continuavam válidos, ao passo que muitos outros os tinham como dias comuns. Paulo, na sua resposta, não revoga o princípio determinado por Deus, de separar um dia, em sete, como dia especial de descanso e de adoração ao Senhor. O próprio Deus separou um dia, em sete, para o descanso do trabalho diário (Gn 2.2,3;Êx 20.11; 31.17; Is 58.13,14). O NT reconhece que o primeiro dia da semana tem relevância especial por causa da ressurreição de Jesus (At. 20.7; 1 Co 16.2; Ap 1.10).
14.13 - Não nos julguemos mais uns aos outros. Embora devamos abster-nos de julgar uns aos outros em questões triviais, os crentes devem encorajar uns aos outros tendo em vista a semelhança a Cristo e a santidade quanto à fé, a doutrina e a moral (Hb 10.24). Trata-se de, com toda a sinceridade, avaliar (1 Ts 5.21; 1 Jo 4.1), corrigir e repreender uns aos outros em amor e humildade (Lc 17.3) e, quando necessário for, exercer a disciplina eclesiástica (1 Co 5.12,13; 2 Ts 3.6,14; 1 Tm 5.20,21; 2 Tm 2.24-26; 4.2).
14.21 - Nem beber vinho. A Bíblia contém duas leis principais para o crente quanto ao vinho que incluía o produto da videira, tanto o não-fermentado, quanto o fermentado.
1) A lei da abstinência do vinho, quando fermentado e inebriante (Pv 23.31 ;1 Ts 5.6 ).
2) A lei do amor cristão, que leva a pessoa a abster-se daquilo que pode ofender os outros (cf. 1 Co 8.13; 10.27-32). Paulo afirma que numa sociedade pagã ( num ambiente não-judaico) onde prevalecem as bebidas inebriantes e a embriagues, é melhor evitar de beber, mesmo os vinhos não-fermentados, do que beber algo que possa levar outro cristão a pecar. O uso de vinho não-inebriante era tecnicamente inofensivo para alguns crentes, mas podia influenciar os mais fracos a tomar vinho fermentado, expondo-os, assim, à embriaguez com os seus danos. Timóteo seguia cuidadosamente essa lei do amor cristão (1 Tm 5.23)
Rm. 15:1 a 14 - A união fraternal
Paulo conclama os cristãos mais fortes, cuja fé é mais madura, a dar apoio paciente aos cristãos mais novos, mais “fracos”, visando edificar a fé. Cristo foi exemplo dessa atitude, ao concentrar-se inteiramente na edificação da igreja, deixando de lado os próprios interesses. Paulo entendia que a união na igreja era fator decisivo para a edificação da igreja gloriosa.
15.3 - Cristo não agradou a si mesmo. Não fazer caso das convicções dos outros só para agradar a nós mesmos, destrói a obra de Deus (14.15,20); renunciar ao que for preciso para ajudar o próximo, fortalece o reino de Deus. Paulo mostra o exemplo de Cristo, que não vivia para agradar a si mesmo, mas para o bem do próximo.
15.4 -Tudo que dantes foi escrito. As Escrituras do AT são da máxima importância para a vida espiritual do cristão. A sabedoria e as leis morais de Deus, no tocante a cada aspecto da vida, bem como sua revelação a respeito dEle mesmo, da salvação e da vinda de Cristo, são de valor permanente (2 Tm 3.16; Mt 5.17 )
15.17 - Tenho glória. Não há mal algum em alguém falar emocionado e alegremente do que Deus está fazendo através de nós, se falarmos com humildade e gratidão a Deus. Não devemos gloriar-nos em meras cifras, mas num ministério que produz a obediência da fé, em palavras e ações, e que provém de uma obra e manifestação genuína do Espírito Santo com poder (vv. 18,19).
15.20 - Não onde cristo houvera sido nomeado. O esforço ministerial de Paulo centralizava-se nas missões. Optou por concentrar seus esforços nas áreas onde o evangelho não tinha sido pregado suficientemente e assim facultou àqueles que não tinham ouvido a oportunidade de aceitarem a Cristo (v. 21).
15.29 - A plenitude da bênção... de cristo. O ministério de Paulo era acompanhado da plenitude da bênção, poder, graça e presença de Cristo. Sempre quando Paulo ministrava, essa bênção era transmitida a outros crentes. Nós, que servimos ao Senhor e às igrejas de Cristo, devemos buscar a mesma plenitude em nossos ministérios.
Rm. 15:15 a 33 - O plano de Paulo para ir a Roma
Se Paulo fosse como certas pessoas, tão logo recebesse de Cristo a comissão de ser apóstolo especial aos gentios teria imediatamente embarcado para Roma, a capital do mundo gentio, e feito dessa cidade sua base de operações para a evangelização do império Romano. Uma razão por que não fez assim foi provavelmente o fato de que, a partir do Dia de Pentecostes (At 2.10), já havia uma igreja em Roma. E a missão de Paulo era levar o nome de Cristo até as regiões onde o Salvador ainda não era conhecido. Seu plano era pregar por onde quer que fosse avançando gradativamente para o Ocidente. E agora, depois de 25 anos e após ter implantado o evangelho solidamente na Ásia Menor e na Grécia, está pronto para perseguir até a Espanha, fazendo escala em Roma. Paulo chegou a Roma cerca de três anos depois de ter escrito essa carta (Se realmente chegou a alcançar a Espanha, para isto leia Atos 28)
Rm. 16 - Assuntos pessoais
Esse é um capítulo de saudações pessoais a 26 líderes da igreja que eram amigos pessoais de Paulo.
Febe (V. l,2) levou a carta; estava provavelmente viajando a negócios para Roma. Cencréia era porto leste de Corinto. Ela era uma servidora (ou, que fazia o trabalho de diaconisa) na igreja em Cencréia, próxima a Corinto. A construção lingüística do versículo em apreço, no original, indica que ela desempenhava a função de diácono, talvez porque no momento havia falta, ali, de elementos masculinos para o diaconato. Febe ministrava aos pobres, aos enfermos e aos necessitados, além de prestar assistência a missionários tais como Paulo. As saudações de Paulo a nada menos de oito mulheres neste capítulo, indicam que as mulheres prestavam serviços relevantes às igrejas.
Priscila e Áquila (v. 3-5) já haviam morado em Roma (Ar 18.2) e tinham estado com Paulo em Corinto e Éfeso. Estavam de volta a Roma e uma igreja se reunia na casa deles.
Epêneto (v. 5), o primeiro convertido da província da Ásia, que agora morava em Roma.
Maria (v. 6) observe quantas das pessoas que Paulo saúda são mulheres.
Andrônico e Júnia (7) Eram parentes de Paulo são chamados apóstolos. Aqui, a palavra "apóstolo" é usada no sentido geral, para referir-se a um mensageiro itinerante ou missionário e não no sentido especial de "apóstolo”. A essa altura, Já eram velhos. Pois tinham sido cristãos por mais tempo que Paulo e estiveram com ele na prisão.
Ampliato,Urbano,Estáquis e Apele (v.8-) São amigos de Paulo,
As casas de Aristóbulo (v.10) e de Narciso (v.11); é provável que abrigassem reuniões da igreja nos seus lares.
O Herodião, o. outro parente de Paulo.
Trifena. Trifosa, Pérside (v. 12)] três mulheres.
Rufo (v. 13) talvez fosse filho do Simão que levou a cruz de Cristo, (Mc 15.2) cuja mãe se preocupava com Paulo de modo ma ternal.
Quanto as nove ultimas pessoas mencionadas por Paulo (v, 14,15), não temos outra identificação delas além do fato de pertencerem à igreja de Roma.
E Seguem-se, então, as saudações das pessoas que estavam com Paulo;
Tércio (v. 22) era o amanuense de Paulo, que escrevera o que Paulo ditou.
Gaio (v. 23) era o irmão cristão em cuja casa Paulo estava hospedado naquela ocasião e onde os cristãos de Corinto se reuniam regularmente.
Erasto (v. 23), o dirigente das obras públicas da cidade de Corinto, deve ter sido homem de influência considerável.
Observemos os versículos 16.17,18 “Noteis os que promovem dissensões”s. No fim da sua carta, Paulo faz uma forte advertência à igreja em Roma no sentido de estar alerta quanto àqueles que lesam a igreja, corrompendo e distorcendo o ensino bíblico de Paulo e dos demais apóstolos.
Devem "notar" os promotores de falsa doutrina e "desviar-se deles" e do seu ministério. Tais pessoas podem ter sido os antinomianos (contrários à lei), os quais ensinavam que, por ser a salvação pela graça, a fé salvífica não requer obediência a Jesus Cristo (6.1,2; 2 Co 4.2; 11.3; Ef 4.14; Ap 2.4,5). Os tais criam que a pessoa podia viver em pecado, rejeitar a lei moral de Deus, e ainda assim possuir a salvação eterna.
Esses falsos mestres eram oradores eloqüentes, que falavam palavras agradáveis e faziam discursos lisonjeadores ( Jd v. 16), e assim enganavam os cristãos inocentes.
16.19 - Símplices no mal. Deus quer que os crentes sejam inocentes naquilo que é mal; esta palavra significa "sem mistura" ou "puro", inocente como a criança, cuja mente ainda não teve contato com o mal, nem se contaminou com os males deste mundo (1 Co 14.20).
1) Este princípio bíblico contraria a idéia que alguns defendem, de que os filhos de crentes devem ser expostos ao pecado, à imoralidade, à impiedade e às coisas de Satanás, a fim de aprenderem a enfrentar a tentação. Alguns sugerem que as crianças não precisam ser protegidas da impiedade. Porém, segundo a revelação bíblica, essa filosofia não somente se contrapõe à vontade de Deus para o crente, como também representa a vontade do próprio Satanás, de que todos sejam expostos ao conhecimento do bem e do mal (Gn 3.5).
2) O conhecimento do mal, juntamente com o contato contínuo com os caminhos de Satanás, desviará muito do caminho da fé e da obediência. Ló descobriu isso, com a mais profunda tristeza, quando perdeu a totalidade da sua família por essa razão (Gn 13.12,13; 19.1-38).
As Escrituras advertem repetidas vezes que "as más conversações corrompem os bons costumes" (1 Co 15.33), e que "Jesus Cristo... se deu a si mesmo... para nos livrar do presente século mau" (Gl 1.3,4). Aqueles que defendem a idéia de expor crianças inocentes a um ambiente e/ou influência ímpia estão a violar a advertência de Jesus em Mt 18.6.
3) Os crentes devem fazer tudo que puderem para impedir que seus filhos sejam expostos ao engano do pecado e à perversidade desta geração. Recusar-nos a proteger nossas crianças nesse assunto, é desprezar a vontade do Espírito Santo, de que sejam inocentes e símplices no conhecimento do mal (v. 19).
Bibliografia
A bíblia de Halley
CD –ROM – CPAD - Bíblia de Estudo Pentecosta
Estudando a Palavra de Deus nº0 17