Livro de Eclesiastes

Livro de Eclesiastes

 

  Eclesiastes (Pregador, orador “koheleth”).

Considerações Preliminares O título deste livro no AT hebraico é koheleth (derivado de kahal, “reunir-se”). Literalmente, significa, “aquele que reúne uma assembléia e lhe dirige a palavra”. Este termo ocorre sete vezes no livro (1.1,2,12; 7.27; 12.8-10) e é geralmente traduzido por “pregador” ou “mestre”. A palavra correspondente no grego da Septuaginta é ekklesiastes, e dela deriva o título “Eclesiastes” em português.  

A obra inteira, portanto, é uma série de ensinos por um orador público bem conhecido.

O propósito Seu propósito ao escrever Eclesiastes pode ter sido compartilhar com o próximo, especialmente os jovens, antes de morrer, seus pensamentos e seu testemunho, a fim de que outros não cometessem os mesmos erros que ele cometera. Queria poupar as gerações futuras, de aprender pela própria experiência da vida longe de Deus não tem sentido. De uma vez por todas, a total futilidade do ser humano considerar bens materiais e conquistas pessoais como os reais valores da vida. Embora os jovens devam desfrutar da sua juventude (11.9,10), o mais importante é que se dediquem ao seu Criador (12.1) e que decidam temer a Deus e guardar os seus mandamentos (12.13,14). Esse é o único caminho que dá sentido à vida. Destinatário: Os súditos de Salomão. Todo o povo em geral.

 

Relembrando - Quando Salomão foi coroado rei, pediu a Deus sabedoria (II Cr.1:7-12) e se tornou o homem mais sábio do mundo (I Rs.4:29-34) –

 Ele estudou, ensinou, julgou e escreveu. –

Reis e líderes das outras nações foram a Jerusalém aprenderem com ele. Mas com todo o seu discernimento, ele não teve o cuidado de seguir os próprios conselhos e começou a perder as forças. O livro todo é preenchido com sabedoria prática (que nos ensina a alcançar realizações no mundo e evitar problemas) e espiritual (sobre como encontrar e conhecer os valores eternos)

Autor: Perece ser Salomão. Crê-se, geralmente, que o autor é Salomão, embora seu nome não apareça no livro, como em Provérbios (Pv 1.1; 10.1; 25.1) e em Cantares (1.1). Vários trechos, no entanto, sugerem a sua autoria.

  • O autor identifica-se como filho de Davi, que reinou em Jerusalém (1.1,12). 2)
  • Faz alusão a si mesmo como o governante mais sábio do povo deDeus(1.16) e como o escritor de muitos provérbios (12.9).
  •  Seu reino tornou-se conhecido por causa das riquezas e grandeza (2.4-9). Tudo isso encaixa-se na descrição bíblica do rei Salomão(1 Rs 2.9; 3.12; 4.29-34; 5.12; 10.1-8).
  • Além disso, sabemos que Salomão, vez por outra, reunia uma assembléia e discursava diante dela (1 Rs 8.1).

 A tradição judaica atribui o livro a Salomão. Por outro lado, o fato de seu nome não aparecer declaradamente em Eclesiastes (apesar de sê-lo nos seus dois outros livros) pode sugerir que outra pessoa auxiliou na compilação do livro. Deve-se considerar que o livro é de Salomão, mas que por certo foi compilado posteriormente na sua forma atual, por outra pessoa, assim como ocorreu com certas partes do livro de Provérbios (Pv 25.1).

Liturgicamente, o livro de Eclesiastes é um dos cinco rolos da terceira parte da Bíblia Hebraica, os Hagiographa (“Escritos Sagrados”), cada um dos quais era lido em público anualmente numa das festas sagradas judaicas. Eclesiastes era assim lido na Festa dos Tabernáculos Tema: é a vaidade de tudo que há debaixo do sol.

 

Eclesiastes é um livro para todas as épocas, porque reflete os problemas as experiências e as observações da pessoa que vive num mundo natural. Debaixo do sol a vida materialista e natural. Acima do sol é a vida sobrenatural. O cristão deve viver acima do sol.

 Data: Provavelmente 935 a C. perto do final da vida de Salomão. Quase 3000 anos atrás. Ele recordou sua vida. Grande parte dela foi vivida longe de Deus.

Segundo a tradição judaica, Salomão escreveu:  

Cantares quando jovem; quando ele estava no auge com Deus.  

Provérbios, quando estava na meia-idade, andava com Deus.  Eclesiastes, no final da vida, durante a segunda parte do reinado quando se afastou de Deus. (I Rs. 11:1 a 8) O efeito conjunto do declínio espiritual de Salomão, da sua idolatria e da sua vida extravagante, deixou-o por fim desiludido, com os prazeres desta vida e o materialismo, como caminho da felicidade.  

Eclesiastes registra suas reflexões negativistas a respeito da futilidade de buscar felicidade nesta vida, à parte de Deus e da sua Palavra. Ele teve riquezas, poder, honrarias, fama e prazeres sensuais, em grande abundância, mas no fim, o resultado de tudo foi o vazio e a desilusão: “vaidade de vaidades! É tudo vaidade” (1.2) Vaidade de vaidades! - diz o pregador, vaidade de vaidades! É tudo vaidade. Salomão começa seu livro como um homem natural, completamente desiludido da vidaEle reclama que nada é novo na terra.

 1.2 É TUDO VAIDADE. Este versículo expressa o tema de Eclesiastes, todos os empreendimentos humanos na terra não têm sentido nem propósito quando realizados à parte da vontade de Deus, fora da comunhão com Ele e da sua obra de amor em nossa vida.

O livro também salienta que a própria criação está sujeita à vaidade e à corrupção. 1

) O autor procura aniquilar as falsas esperanças que o povo deposita num mundo totalmente secular. Seu empenho é que o ser humano perceba as sérias realidades do mal, da injustiça e da morte, e que reconheçam que a vida, à parte de Deus, não tem sentido e nem pode levar à verdadeira felicidade.

2) A solução ao problema está na fé e na confiança em Deus; é isto que dá sentido à vida; que dá real prazer em viver. Devemos atentar para além das coisas terrenas, para as celestiais, a fim de obtermos esperança, alegria e paz 

Conteúdo:  Salomão começa seu livro como um homem natural, completamente desiludido da vida. Ele reclama que nada é novo sobre a terra. Os dias começam e terminam com o nascer e o pôr do sol. O vento continua soprando de um lado para o outro. As águas continuam correndo para o mar. Tudo existe e tem existido da mesma forma desde a criação do mundo. Nossos olhos não enxergam coisas originais, nossos ouvidos não ouvem novos sons. Debaixo do sol tudo permanece o mesmo. Nestes 11 primeiros versículos refletem uma atitude de desânimo e desespero do seu autor. Que a leitura de Eclesiastes possa nos ajudar: - A reconhecer que o esforce humano sem a presença de Deus é inútil.

Colocar Deus em primeiro lugar na nossa vida - Receber todas as coisas boas como dádiva de Deus (todas as coisas contribuem para o bem de quem ama a Deus) - Compreender que Jesus julgará a todos que tenham vivido de um modo bom ou mal. Não precisamos esforçar para alcançar a alegria. Pois Deus dá de presente para nós(gratuitamente)

Conta-nos uma história: Um coelhinho de chocolate estava dentro de uma cesta, envolvido num lindo papel. Na manhã de páscoa, bem cedinho o pequeno menino cuidadosamente. Morde nas orelhas. Mas o sabor acabou rapidamente. Estava oco! Vazio! Fútil! coisas doces (poses, prazer, poder) eles nada encontram em seu interior. Tem uma vida vazia, sem sentido e se afundam no desespero. Longe de Deus tudo é vazio, oco e sem sentido. Que desapontamento, que desilusão. Esta é a experiência na vida de muitos. Agarrando as coisas doces (poses, prazer, poder) eles nada encontram em seu interior. Tem uma vida vazia, sem sentido e se afundam no desespero. Longe de Deus tudo é vazio, oco e sem sentido.

 

Visão Panorâmica É difícil fazer uma análise precisa de Eclesiastes. Sem muito trabalho, nenhum esboço consegue um bom ordenamento de todos os versículos ou parágrafos deste livro. Em certo sentido, Eclesiastes parece uma seleção de trechos do diário pessoal de um filósofo, nos seus últimos anos, com suas desilusões. Começa com uma declaração do tema predominante: a vida no seu todo é vaidade e aflição de espírito (1.1-14). O primeiro grande bloco de matéria do livro é estritamente autobiográfico; Salomão aborda os fatos principais da sua vida altamente egocêntrica, envolta em riquezas, prazeres e sucessos materiais (1.12—2.23).

A vida “debaixo do sol” (expressão que ocorre vinte e nove vezes no livro) é a vida segundo o conceito do homem incrédulo, caracterizada pela injustiça, incertezas, mudanças inesperadas no setor das riquezas e justiça falha. Salomão consegue divisar o verdadeiro alvo da vida somente quando olha “para além do sol”, para Deus. Viver somente para a busca do prazer terreno é mediocridade e estultícia; a juventude é demasiadamente breve e fugaz para ser esbanjada insensatamente.

O livro termina, mandando os jovens lembrarem-se de Deus na sua juventude, para não chegarem à idade avançada com amargos lamentos e triste incumbência de prestar contas a Deus por uma vida desperdiçada.

3:12-17; 12- Já tenho conhecido que não há coisa melhor para eles do que se alegrarem e fazerem bem na sua vida;

v.13 e também que todo homem coma e beba e goze do bem de todo o seu trabalho. Isso é um dom de Deus. [Poder desfrutar da vida e vivê-la sabiamente é uma dádiva de Deus, que usufruímos somente quando deveras andamos segundo os seus caminhos, em obediência a Ele como nosso Senhor e Deus. Deste modo, Deus nos dispensa alegria em tudo que empreendemos.]

v.14 Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar e nada se lhe deve tirar. E isso faz Deus para que haja temor diante dele.

V.15 O que é já foi; e o que há de ser também já foi; e Deus pede conta do que passou.

V.16 Vi mais debaixo do sol: no lugar do juízo, impiedade; e no lugar da justiça, impiedade ainda.

v.17 Eu disse no meu coração: Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo intento e para toda obra.  

8:12,13;  

v.12 Ainda que o pecador faça mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus, aos que temerem diante dele.

v.13 Mas ao ímpio não irá bem, e ele não prolongará os seus dias; será como a sombra, visto que ele não teme diante de Deus. [AO ÍMPIO NÃO IRÁ BEM. No mundo, comumente parece que o mal triunfa e que os pecadores escapam ilesos, sem castigo (Sl 73). Deus, porém, nos assegura que chegará o dia do justo castigo dos malfeitores].

12:13,14. 13- De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem.

v.14 Porque Deus há de trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau. Salomão descobre que uma vida sem Deus é uma longa e frustrada busca pelo prazer, significado e realização.

As pessoas procuram sentido para a sua vida em coisas passageiras, quanto mais procuram mais percebem quão pouco realmente tem. Não se pode alcançar o verdadeiro prazer e a felicidade sem Deus. A busca da satisfação é vã sem Deus. Acima de tudo, devemos esforçar-nos para conhecer e amar a Deus. Ele nos dá sabedoria, conhecimento e alegria.

 Lembremos que: É um dever de todo homem temer a Deus e guardar os seus mandamentos.

Devemos desfrutar a vida, mas obedecendo aos mandamentos de Deus.

Devemos buscar os propósitos e o significado da vida, mas estes não poderão ser encontrados apenas por meio dos esforços humanos.

Devemos reconhecer o mal, as tolices e as injustiças que existem neste mundo, mantendo uma atitude positiva e forte fé em Deus Todas as pessoas comparecerão diante do Senhor e serão julgadas pelo que fizerem. Não teremos desculpas por ter fracassado em agir corretamente.

 

Cinco características Especiais principais destacam Eclesiastes.

1) É um livro nitidamente pessoal, no qual o autor freqüentemente emprega o pronome pessoal “eu”, ao longo dos dez primeiros capítulos.

2) Sob o negativismo subjacente do autor, o livro revela que a vida, à parte de Deus, é incerta e repleta de vaidade (a palavra “vaidade” ocorre no livro trinta e sete vezes).

Salomão observa em atitude negativista os vários paradoxos e inquietações da vida ( 2.23 e 2.24; 8.12 e 8.13; 7.3 e 8.15).

3) A essência dos conselhos de Salomão no livro está nos seus dois últimos versículos: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem” (12.13,14).

4) O estilo literário do livro é irregular; seu vocabulário e sintaxe são dos mais difíceis no hebraico do AT e não se encaixam bem em nenhum período específico da literatura hebraica.

5) Contém a alegoria mais pitoresca da Bíblia, alusiva à pessoa quando envelhece (12.2-7)

 O Livro de Eclesiastes ante o NT Possivelmente, apenas um texto de Eclesiastes é citado no NT (7.20 em Rm 3.10, sobre a universalidade do pecado). Todavia, não deixa de haver várias e possíveis alusões: Ec 3.17; 11.9; 12.14, em Mt 16.27; Rm 2.6-8; 2 Co 5.10; 2 Ts 1.6,7; Ec 5.15, em 1 Tm 6.7.

A conclusão do autor, quanto à futilidade da busca de riquezas materiais, Jesus reiterou quando disse:

1) que não devemos acumular tesouros na terra (Mt 6.19-21,24); e

 2) que é estultícia alguém ganhar o mundo inteiro e perder a própria alma (Mt 16.26).

O tema de Eclesiastes, de que a vida, à parte de Deus, é vaidade e nulidade, prepara o caminho para a mensagem do NT, a da graça: o contentamento, a salvação e a vida eterna, nós os obtemos como dádiva de Deus (Jo 10.10; Rm 6.23).

De várias maneiras este livro preparou o caminho para a revelação do NT, no sentido inverso. Suas freqüentes referências à futilidade da vida, e à certeza da morte, preparam o leitor para a resposta de Deus sobre a morte e o juízo, a vida eterna por Jesus Cristo.

Salomão, como o homem mais sábio do AT, não conseguiu respostas satisfatórias para os seus problemas da vida através de prazeres egoístas, riqueza e acúmulo de conhecimentos. Portanto, deve-se buscar a resposta Aquele de quem o NT afirma que “é mais do que Salomão” (Mt 12.42), em Jesus Cristo, “em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2.3).

 Esboço de Eclesiastes:

 I- Prólogo 1.1-2 a) Identificação do Livro 1.1

  1. b) Resumos das investigações do Pregador 1.2

II- Estabelecimento do Problema 1.3-11

  1. a) Estabelecimento do problema: Pode-se encontrar algum valor verdadeiro nesta vida?

 1.3 b) Exposição do problema: Uma refutação das soluções humanísticas 1.4-11

III- Tentativas de solução para o problema 1.12-2.26

  1. a) A refutação da razão pura: A sabedoria humana, sozinha, é inútil. 1.12-18
  2. b) O fracasso do hedonismo: O prazer não tem sentido em si mesmo. 2.1-11
  3. c) O fracasso da compensação: O sábio e o tolo encaram um fim comum 2.12-17
  4. d) O fracasso da materialismo. 2.18-26

 IV- Desenvolvimento do tema 3.1 - 6.12

  1. a) Inutilidade dos esforços humanos em mudar a ordem criada. 3.1-15
  2. b) Inutilidade de um fim igual a criaturas desiguais. 3.16-22
  3. c) Inutilidade de um vida oprimida 4.1-3
  4. d) Inutilidade da inveja. 4.4-6
  5. e) Inutilidade de ser sozinho. 4.7-12
  6. f) Inutilidade de uma monarquia hereditária. 4.13-16
  7. g) Inutilidade do fingimento numa religião formal. 5.1-7
  8. h) Inutilidade de sistemas de valores materialistas. 5.8-14
  9. i) Inutilidade de deixar para trás, na morte, os produtos do trabalho 5.15-20
  10. j) Inutilidade da futilidade de uma vida despojada. 6.1-9
  11. l) Inutilidade do determinismo da natureza.  6.10-12

V- A sabedoria prática e os seus usos. 7.1 - 8.9

  1. Provérbios moralizantes sobre vida e morte, bem e mal. 7.1-10
  2. b) A sabedoria e as suas aplicações. 7.11-22
  3. c) Observações sábias variadas. 7-23 - 8.1
  4. d) A sabedoria na corte do rei. 8.2-9

 

VI- Um retorno ao tema. 8.10 - 9.18

  1. a) Inutilidade da compensação (novamente) 8.10 - 9.12
  2. b) Inutilidade da natureza instável do homem (novamente) 9.13-18

 

VII- Mais sobre a sabedoria e seus usos 10.1 - 11.6

 

 VIII- O único valor é temer a Deus e obedecê-Lo. 11.7 - 12.7

  1. a) O primeiro resumo das conclusões 11.7-10
  2. b) O segundo resumo: alegoria da velhice e morte 12.1-7

 

 IX- Epílogo: Confirmação da conclusão 12.8-14

  1. a) Resumo das conclusões do Pregador 12.8
  2. b) Resumo das conclusões do pregador através de um discípulo. 12.9-14